Produção deve subir 53% até 2014; unidades industriais de Campo Mourão (PR), Itaiópolis e São José (SC) passam a trabalhar em dois turnos ainda neste ano
Donnie Smith, CEO da Tyson Foods deu um importante sinal de que o apetite da companhia pelo mercado brasileiro pode estar de volta. Desde que desembarcou no Brasil, há pouco mais de três anos, a companhia, que chegou com a promessa de incomodar BRF e Seara, teve atuação tímida. Agora, das três unidades da empresa no país, uma, a de Campo Mourão, no Paraná, passou a funcionar em dois turnos em fevereiro e outra, a Itaiópolis, em Santa Catarina, segue o mesmo caminho. Esse pode ser considerado o ponto de partida de umplano estratégico da matriz, nos Estados Unidos, e que tem como meta ampliar a produção da subsidiária em 53% até 2014. Hoje, o abate semanal é de 1,3 milhão de cabeças e deve chegar a dois milhões de cabeças de aves, dentro de dois anos. Além disso, a empresa, que atua no sul do país, prepara o terreno para reforçar operações no sudeste. Por isso inaugurou, em 2011, o primeiro centro de distribuições fora da região Sul, em São João do Meriti (RJ). “Vamos acelerar o crescimento através de nossos negócios internacionais na China, Brasil, México e Índia”, disse Donnie Smith, CEO da companhia, para investidores há poucos dias.
Referência global na venda de proteínas, sobretudo em aves, a Tyson, com receita de US$ 32 bilhões em 2011, chegou ao país por meio da aquisição de três pequenas empresas — Macedo, Frangobrás e Avita, todas do Sul. No ano passado, abateu 40 milhões de cabeças de aves enquanto a BRF, primeira no ranking, alcançou 1,7 bilhão de cabeças, segundo dados do Avisite. Se alcançar a meta traçada para 2014, o indicador anual poderá chegar a 96 milhões de cabeças/ano.
Da produção total, 40% fica no mercado interno. Fora o interesse pelo consumidor brasileiro, há mais um motivo para ampliar o abate. Recentemente, as unidades de Campo Mourão e Itaiópolis foram habilitadas pelo governo federal para realizar exportações.
Cenário
Uma das explicações para a tímida atuação da Tyson no Brasil até hoje foi o efeito da desaceleração da economia nos EUA após a crise de 2008. Desde então, a companhia deve ter segurado investimentos, avaliou uma fonte desse setor.
Segundo o balanço financeiro global, a Tyson saiu de lucro líquido de US$ 268 milhões, em 2007, para prejuízo de US$ 551 milhões, em 2009. Mas se recuperou em 2010 e 2011. No ano passado, o lucro da empresa somou US$ 733 milhões.
Com mais recursos, além do aumento de produção, vendas e modernização das instalações, a Tyson vai reforçar, no Brasil, as linhas de produtos com maior valor agregado - estratégia utilizada por alguns concorrentes brasileiros, como Seara e JBS. Um dos primeiros alvos pode ser a de cortes temperados.
Veículo: Brasil Econômico