A carne bovina tem se mantido com preços elevados no varejo desde os picos registrados em 2010 e 2011.
Um grande salto no preço da carne bovina aconteceu em 2010 -na média dos cortes na cidade de São Paulo a alta superou 35%-, elevação que continuou, mesmo que de forma modesta, em 2011.
Os preços recuaram neste ano, mas ainda estão bem elevados se comparados com as médias históricas.
Em maio, os preços pagos pelos consumidores na cidade de São Paulo voltaram a subir, apesar de, no período, os preços pagos aos produtores e os praticados no atacado terem caído em quase todo o país.
Ainda que a magnitude da elevação dos preços pagos pelo consumidor em maio seja pequena, isso é uma clara indicação de que as condições de mercado em termos de oferta e demanda, tanto da carne bovina como das de frango e suína, não permitem quedas mais significativas, como se chegou a especular no início do ano.
Mesmo que muitos argumentem que o consumo de carne bovina esteja fraco, as expectativas são que ele cresça neste ano em relação a 2011, como resultado do esperado pequeno crescimento da renda dos consumidores. Além disso, há um efeito sazonal de maior consumo de carnes no segundo semestre.
Também se espera o aumento das exportações, resultado da combinação de restrição de oferta de outros países concorrentes com a maior competitividade do produto nacional decorrente da desvalorização cambial.
Pelo lado da oferta, espera-se algum aumento fruto de um processo de recomposição do rebanho, que já entra em seu quinto ano, mas que ocorre de forma muito mais lenta que o previsto.
Na prática, essas condições de oferta e demanda impediram que os preços declinassem de forma mais efetiva, uma vez que não se observa nos preços das "carnes alternativas" quedas também suficientes para induzir baixas maiores nos da bovina.
Com a chegada da entressafra do boi gordo, a oferta deve naturalmente diminuir em relação ao primeiro semestre (safra), mesmo que se considere a hipótese de um provável aumento no número de animais de confinamento, pois o volume relativo desses animais ainda é pequeno em relação aos de pasto.
A situação não deve se alterar também em relação a quedas ditadas pelos preços das carnes de frango e suína, visto que os custos de produção das mesmas se mantêm elevados e já ameaçam causar prejuízos aos produtores.
A demanda no segundo semestre dificilmente vai cair, pois tanto as exportações, com o câmbio mais competitivo, como o consumo interno devem provavelmente se sustentar.
O resultado final é que, infelizmente para os consumidores, os preços da carne bovina no segundo semestre devem crescer em relação aos já relativamente altos preços praticados no primeiro. Como consolo, é provável que os recordes alcançados em 2011 não sejam batidos.
Veículo: Folha de S.Paulo