Pif Paf Alimentos prepara plano de expansão

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Uma das principais processadoras regionais de aves e suínos do país, a mineira Pif Paf Alimentos tentou no ano passado uma cartada para triplicar de tamanho e se aproximar um pouco mais das gigantes do mercado nacional. Contando com o dinheiro de fundos de investimento, a companhia apresentou uma oferta pelos ativos que a BRF-Brasil Foods (fruto da incorporação da Sadia pela Perdigão, em 2009) teve de vender como condição para que o Cade aprovasse a união das duas companhias.

As fábricas e marcas oferecidas pela Brasil Foods seriam capazes de transformar a empresa de Belo Horizonte em uma indústria de envergadura nacional, com mais de 20 plantas em uma dezena de Estados e faturamento de quase R$ 3 bilhões.

O negócio, como se sabe, não vingou. As unidades da Brasil Foods foram parar nas mãos da Marfrig em uma operação na qual as duas empresas trocaram ativos. A operação agradou o Cade, já que a Marfrig era a única empresa capaz de ser uma competidora de peso para a BRF, o que a Pif Paf não conseguiria. "Não fosse a troca de ativos com a Marfrig, o maior preço ofertado foi o nosso", resigna-se Luiz Carlos Costa, presidente da Pif Paf - uma empresa adquirida por seu pai em 1968 e cuja origem do nome (o mesmo do jogo de cartas) nunca ficou clara para a família.

Sem os ativos da BRF, a Pif Paf tenta tirar da gaveta um novo plano de expansão. "Queremos dobrar a produção, com foco em industrializados, por meio de ampliações e compra de outras fábricas", afirma Costa. O executivo conversa com três fundos de investimento (os mesmos que haviam se mostrado dispostos a colocar dinheiro na operação com a BRF) com o objetivo de financiar a empreitada, mas não revela quanto a empresa pretende investir.

O executivo conta que o projeto apresentado aos fundos contém "sete ou oito" processadoras regionais que interessariam à Pif Paf. A ideia é que os investidores entrem como parceiros nos novos negócios. Segundo Costa, o sócio-investidor deve ser escolhido até o mês que vem.

Com a ampliação, a empresa poderia chegar aos quase R$ 3 bilhões de faturamento pretendidos com a aquisição dos ativos da BRF. O valor a manteria ainda distante das duas líderes de mercado - em 2011, BRF e Seara Foods amealharam R$ 25,7 bilhões e R$ 14,7 bilhões, respectivamente. Mas ficaria próxima da Aurora, com receita líquida de R$ 3,4 bilhões, e provavelmente à frente da JBS, que pode faturar cerca de R$ 1,5 bilhão anuais com os ativos arrendados da Doux Frangosul.

No ano passado, a Pif Paf faturou cerca de R$ 1 bilhão, segundo Costa. Metade desse faturamento veio da venda de cortes in natura e a outra metade de produtos processados - elaborados de carnes, embutidos, defumados, pizzas, lasanhas, pães de queijo e vegetais congelados. Para 2012, projeta o executivo, as receitas devem crescer em 20%.

A Pif Paf praticamente dobrou seu faturamento nos últimos quatro anos, resultado da inauguração de uma unidade de abate em Palmeiras de Goiás (GO), em 2009, com capacidade para abater 150 mil aves por dia (número que pode chegar a 300 mil). O investimento consumiu quase R$ 300 milhões, financiados com recursos do BNDES, do Fundo Constitucional de Financiamento do Centro-Oeste (FCO) e do Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais. Com isso, a capacidade total de processamento de aves da companhia saltou de 170 mil para 320 mil animais por dia.

"Nosso objetivo é chegar à terceira posição no ranking, deixando de ser uma empresa regional e passando a brigar no cenário nacional", afirma Costa. Atualmente, a empresa figura entre as oito maiores do país no setor em faturamento - o que não significa muito em um mercado composto por duas gigantes e várias empresas anãs.

Para alçar voos mais altos, a Pif Paf precisa ampliar sua presença em outras regiões. Atualmente, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo respondem por 80% de suas vendas. Outros três Estados, São Paulo, Goiás e Bahia, absorvem cerca de 15%. Costa afirma que existe um "grande potencial" de crescimento no Nordeste, no interior de São Paulo e no Centro-Oeste "que vem desenvolvendo maravilhosamente bem".

"Somos grandes em Minas e achamos que há espaço para sermos grandes também no Brasil". A expansão das operações também daria fôlego para que a empresa ampliasse suas exportações, que hoje são apenas 5% de sua receita. "Hoje, me falta volume para 'agredir' o mercado externo", admite Costa.

A tentativa de se tornar uma empresa de expressão nacional também pode ser uma estratégia de defesa. Com o arrendamento da Doux Frangosul pela JBS, em abril, o setor de aves e suínos pode ter dado partida a uma nova etapa do processo de consolidação após a união entre Sadia e Perdigão. E ninguém espera que a múlti brasileira entre no segmento de aves para ter uma participação marginal - em entrevista recente ao Valor, o presidente da JBS, Wesley Batista, declarou que a empresa espera brigar de igual para igual com Seara e Brasil Foods em volume de produção e que a estratégia de crescimento passa pela compra de processadoras regionais.

Neste cenário, a maior empresa do setor em Minas Gerais torna-se um dos alvos mais cobiçados. "Não tenho dúvidas de que, se tivesse interesse, encontraria um comprador hoje", afirma Costa. "Meu grande medo é que haja um concentração neste setor, porque isso não é bom para o mercado. Não podemos deixar acontecer com o frango o que aconteceu com o boi", diz.


Veículo: Valor Econômico


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