A dois dias de completar o aniversário de um ano do início do embargo russo, principal mercado comprador da carne suína brasileira, o setor se mobiliza para reivindicar, em Brasília, ações mais concretas do governo para a exploração de novos mercados e ajuda para enfrentar o aumento de custo na produção causado pela seca que afetou gravemente as regiões Sul e Nordeste do país.
Ao longo desta semana, as entidades que representam os produtores se encontraram com parlamentares e com o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho. Os primeiros resultados começaram a aparecer.
O ministro Mendes Ribeiro criou uma "comissão de crise" para analisar as propostas apresentadas pelo setor. A decisão foi tomada após uma reunião da bancada ruralista, com o presidente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), Marcelo Lopes, e representantes de associações estaduais de suinocultores.
Os produtores solicitaram ações emergenciais, como a prorrogação dos vencimentos das dívidas de custeio e investimento, aumento dos limites de crédito para retenção de matrizes de R$ 500 mil até R$ 2 milhões por produtor, e a inclusão da carne suína na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).
Durante a reunião, o ministro da Agricultura se comprometeu a dar uma resposta às demandas durante o segundo encontro que será realizado no próximo dia 27 de junho.
O presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Pedro de Camargo Neto, reforçou que o principal problema para os exportadores é o embargo imposto pela Rússia e Argentina. No caso dos russos, os Estados mais prejudicados são Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso. "Já tivemos algumas reuniões no ministério nas últimas semanas e fomos informados que o governo entregou todos os documentos exigidos pelos russos", diz.
Segundo Camargo Neto, o embargo argentino está mais forte do que nunca. "Em dezembro [a proibição teve início em fevereiro], mandávamos cerca de 4,5 mil toneladas de suínos. De fevereiro a abril, passamos a exportar 480 toneladas e no mês passado enviamos apenas 90 toneladas", conta. "O Rio Grande do Sul é o mais prejudicado. Não consegue mandar produtos para a Rússia e perdeu o mercado da Argentina", disse.
Veículo: Valor Econômico