Margens melhores nas operações de bovinos

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As processadoras de carnes devem apresentar uma melhora de suas margens operacionais nos balanços relativos ao segundo trimestre, beneficiados pela queda dos preços do boi gordo e a alta das exportações. A exceção deve ser a BRF-Brasil Foods, que tende a reportar resultados mais fracos do que os registrados um ano antes devido à fraqueza das exportações de carne de frango. A temporada de balanços do segmento começa na quinta-feira, com a divulgação dos números do Minerva. Marfrig e Brasil Foods, no dia 13, e JBS, no dia 14, fecham o ciclo.

O abate de bovinos deve se mostrar a atividade mais bem-sucedida do trimestre. Segundo o Cepea, o preço médio do boi gordo, que responde por até 80% dos custos de produção de um frigorífico, caiu cerca de 6% entre março e junho, na comparação com o mesmo período de 2011, enquanto o preço da carne no atacado se sustentou. Além disso, as exportações de carne bovina cresceram quase 3,9% em relação ao segundo trimestre de 2011, para pouco mais de US$ 1,41 bilhão. A receita em reais deve crescer ainda mais, impulsionada por uma alta de quase 23% do dólar em relação ao real.

"Os frigoríficos conseguiram trabalhar com spreads mais altos neste trimestre", afirma Cesar De Castro Alves, analista da MB Agro. De olho nas margens mais atraentes, JBS, Marfrig e Minerva ampliaram sua capacidade de abate neste ano. O cenário é particularmente favorável para o Minerva, único dos grandes que opera apenas com carne bovina.

Segundo relatório do banco de investimento Barclays, a JBS deve reportar um lucro antes de juros, impostos, depreciação a amortização (Ebitda) de R$ 975 milhões, 67% maior do que o registrado um ano antes. A média das expectativas de mercado colhidas pela agência Bloomberg é ainda mais otimista, na faixa de R$ 1,1 bilhão.

Segundo a instituição, a margem Ebitda deve subir de 4% para 5,4% no segundo trimestre. A margem com a operação de bovinos no Mercosul, que responde por cerca de um terço da receita, deve subir de 11,8% para 13,7%. Além disso, a divisão de frangos nos EUA deve apresentar uma margem de 7,2%, ante apenas 1,1% um ano antes.

Segundo Castro Alves, os custos de produção de aves nos EUA caíram 1% no segundo trimestre, enquanto o preço da carne de frango subiu 19%. "Depois da crise de 2011, a indústria americana conseguiu reduzir a produção e recompor os preços", observa. Ele alerta, porém, que a recente alta dos preços dos grãos deverá comprometer os resultados do terceiro trimestre. No segundo trimestre, o preço do milho - principal componente da ração das aves - caiu 19,6% em relação ao mesmo período do ano passado, segundo cálculos do Valor Data. Em julho, porém, a commodity disparou 35%.

Os resultados da JBS no Brasil devem ser atenuados pela piora do cenário para o abate de bovinos nos EUA. A queda na oferta de animais e o aumento nos custos devem comprimir a margem da divisão que, no primeiro trimestre, respondeu por quase 38% da receita total.

De acordo com a projeção do Barclays, a Marfrig deve registrar um prejuízo líquido de R$ 42 milhões no trimestre, inferior à perda de R$ 84 milhões obtida um ano antes. O lado financeiro deve pesar, uma vez que a alta do dólar deve ampliar o endividamento da companhia em reais. O resultado operacional promete, porém, apresentar uma melhora expressiva. A expectativa é que o Ebitda cresça 33%, para R$ 383 milhões, e que a margem Ebitda avance de 5,4% para 6,6%. A média das projeções de mercado sinaliza um Ebitda ainda maior, de R$ 563 milhões.

A empresa vai reportar a receita com a venda dos negócios de logística de sua subsidiária Keystone Foods, por US$ 400 milhões, recebidos em abril. Mas, segundo o Barclays, o efeito dessa operação sobre o nível de alavancagem da empresa deve ser neutralizado pelo impacto do câmbio sobre a dívida em moeda estrangeira (76,3% da dívida total).

O Minerva deve reportar um crescimento de 39% em seu Ebitda, estimado pelo Barclays em R$ 110 milhões - a média dos analistas é mais conservadora e projeta um resultado de R$ 95 milhões. Mas a empresa também deve sofrer com a alta do dólar, já que 75% de sua dívida está lastreada na moeda americana e apenas 65% da receita vem do exterior, conforme o último balanço divulgado pela empresa. Por isso, a expectativa do Barclays é de um prejuízo de R$ 88 milhões, ante uma perda de apenas R$ 2 milhões no segundo trimestre de 2011.

Já a BRF deve reportar mais um trimestre difícil, à medida que as exportações de frango ainda patinam. Segundo o Barclays, a empresa lida ainda com os custos de reposicionamento de marcas no Brasil para atender às exigências do Cade relativas à incorporação da Sadia pela Perdigão. A expectativa do Barclays é que o lucro da companhia seja de R$ 84 milhões, 83% inferior ao do segundo trimestre de 2011. O Ebitda deve encolher 26%, para R$ 583 milhões e a margem Ebitda, de 12,5% para 8,4%. Também nesse caso, o Barclays é mais pessimista que o chamado "consenso de mercado", que projeta um Ebitda de R$ 667 milhões.



Veículo: Valor Econômico



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