O preço médio da carne de frango pode subir mais de 40% nos próximos 40 dias. A expectativa é do diretor do grupo paranaense GTFoods, Rogério Gonçalves, que abate cerca de 370 mil aves por dia. Segundo o executivo, o ajuste vai refletir a decisão das processadoras de aves de reduzir em 10% a produção doméstica, em resposta à queda das margens de lucro no primeiro semestre. "Com a redução da oferta, os preços podem saltar dos atuais R$ 3,50 para até R$ 5 o quilo em setembro", estimou.
O setor de aves, que já vinha sofrendo com a queda das exportações e dos preços internacionais no primeiro semestre, foi castigado pela escalada das cotações da soja e do milho em julho por causa da seca nos Estados Unidos. Os grãos são usados para alimentar os planteis. "Ninguém estava preparado. Todos trabalhavam com um cenário de aumento na oferta de grãos. Deixamos de comprar milho a R$ 20 a saca para pagar mais de R$ 30", disse Gonçalves.
Nos últimos dias, BRF-Brasil Foods e Marfrig, os dois maiores produtores de carne de frango no país, manifestaram a intenção de elevar seus preços em 5% a 10% no mercado doméstico. Segundo Gonçalves, nem todo o aumento deve ser repassado ao consumidor final. "Os supermercados estão operando com margens de até 80% em alguns cortes e, certamente, têm espaço para absorver uma parte desse custo", afirma. O executivo aposta ainda em uma recuperação no mercado externo. "Japão, Tailândia, Rússia e EUA também estão reduzindo sua produção. O cenário é bastante altista", afirmou.
Veículo: Valor Econômico