Tema de recente polêmica entre os principais frigoríficos do país, as exportações de boi em pé são o foco de um investimento milionário no município de Brasilândia, no norte do Tocantins.
À frente do projeto da Fazenda Agrogeo desde o fim do ano passado, o técnico em agropecuária Idalécio Fermiano dos Santos gere um investimento mensal de cerca de R$ 200 mil, com foco em genética para a formação de um rebanho com características europeias e intensiva adubação dos pastos, que cobrem uma área de 1,3 mil hectares. "É um investimento que vai dar retorno após o quarto ano".
A expectativa do administrador é que em 2016, quando o projeto ganhar fôlego, a Fazenda Agrogeo venda 8 mil animais que serão exportados em pé para a Venezuela, principal mercado comprador de gado vivo produzido no Brasil. "O preço do boi vivo para exportação é 40% maior que o boi que vai para o abate", justifica dos Santos.
Do total de animais vendidos por ano pela Fazenda Agrogeo, cerca de 4 mil serão comprados ainda bezerros em outras propriedades da região. As outras 4 mil cabeças restantes, estima o gerente da propriedade, serão produzidas na própria fazenda. "Teremos um rebanho de 4 mil vacas de cria e 8 mil bois", diz ele.
No início deste ano, a exportação de gado vivo motivou um pedido da União Nacional da Indústria de Carne (Uniec) para que o Ministério do Desenvolvimento criasse uma taxa de 30% sobre os embarques de esses mais. À época, a entidade alegou que a exportação de gado vivo gera menos valor agregado ao produto, que deixa de ser abatido no Brasil. Em sua defesa, os exportadores disseram que quantidade exportada sobre o total abatido é irrelevante. Em 2011, o Brasil embarcou 402 mil bovinos vivos - cerca de 1% dos abates -, que renderam US$ 45,7 milhões
O imbróglio pôs em lados opostos os frigoríficos JBS, líder mundial na produção de carne bovina, e o Minerva, maior exportador de gado vivo do país. Em junho, a solicitação foi negada pelo Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex).
Veículo: Valor Econômico