Frigoríficos planejam conquistar mais clientes

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Animados com o desempenho dos últimos anos e com a perspectiva de aumento das exportações a partir de outubro de 2012, os grandes frigoríficos brasileiros traçam estratégias para ampliar o leque de clientes. De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), as projeções para exportação de carne bovina em outubro deste ano são de crescimento de 10% na comparação com o mesmo mês de 2011, devendo atingir 105 mil toneladas.

A carne bovina é a segunda maior pauta de vendas externas do país. Maior produtor de carne bovina do mundo, o JBS Friboi quer integrar todos os negócios, ampliar as relações com sua carteira de clientes, oferecer produtos customizados e reconquistar mercados perdidos. A BRF - Brasil Foods S.A., uma das maiores exportadoras de aves do mundo, está construindo uma fábrica no Oriente Médio e deverá iniciar as obras de uma unidade de processamento de carnes de aves e suínos na China no fim de 2013, além de investir pesado na distribuição local. O Grupo Marfrig tem como meta aumentar sua presença no mercado chinês e explorar novas oportunidades.

Esse apetite pelo mercado chinês se explica pela demanda crescente daquele país. "O mercado chinês importou entre janeiro e setembro deste ano 5.103 toneladas de carne, o que significou alta de 209% sobre o mesmo intervalo do ano passado", diz Fernando Sampaio, diretor-executivo da Abiec.

O alto consumo do produto estimulou o Grupo Marfrig a fechar uma joint venture naquele mercado. "Com a finalidade de aumentar a presença do Grupo Marfrig no mercado chinês e de explorar suas oportunidades crescentes, foi estabelecida, por meio da Keystone Foods, duas joint ventures na China no ano passado", informa a companhia. Ainda de acordo com o Grupo Marfrig, uma delas, a Keystone-Chinwhiz - 60% Keystone e 40% Chinwhiz -, que prevê a constituição de uma cadeia verticalmente integrada de aves, já iniciou o ano de 2012 com processamento de cerca de 200 mil aves por dia.

Já a BRF Brasil Foods S.A. fará desembolsos em parceria com a chinesa Dah Chong Hong (DCH), companhia controlada pela estatal Citic Pacific, a mesma empresa que a brasileira deu início a uma joint venture no princípio de 2012. De acordo com a BRF, a companhia deverá entrar em operação em 2014. Dona de um faturamento líquido de R$ 25,7 bilhões - 60% mercado interno e 40% externo -, registrado em 2011, a BRF é uma das maiores exportadoras mundiais de aves e também está entre as maiores empresas globais de alimentos em valor de mercado.

"A BRF responde por mais de 9% das exportações mundiais de proteína animal e é a única no Brasil com rede de distribuição de produtos em todo o território nacional", explica Wilson Mello, vice-presidente de Assuntos Corporativos. A companhia opera 60 fábricas no Brasil - distribuídas em 11 Estados - e sete no exterior. "Exportamos para 142 países", acrescenta. Segundo ele, hoje a BRF tem operações na Argentina, Europa e no Oriente Médico nos mesmos moldes das fábricas instaladas no Brasil.

"Temos produção, fábrica, distribuição e marca", explica. O executivo reforça que além de construir uma fábrica no Oriente Médio, "investimos pesado na distribuição porque uma maneira de se tornar um player local é não só ter a produção mas também a distribuição". Segundo o vice-presidente, nos últimos doze meses a empresa investiu mais de U$ 500 milhões no processo de internacionalização. "A fábrica no Oriente Médio será concluída em março de 2013 e produzirá, em uma primeira fase, 80 mil toneladas de alimentos processados por ano. Os investimentos somaram US$ 140 milhões", diz.

Em linha com a recuperação das exportações brasileiras de carnes de frango e suína, os embarques da BRF renderam US$ 446,2 milhões em setembro, quase 33% mais que no mesmo mês de 2011. Com isso, as vendas da empresa ao exterior chegaram a US$ 3,7 bilhões de janeiro a setembro, valor 4% superior ao registrado em igual intervalo do ano passado.

O JBS Friboi faturou US$ 4,81 bilhões no primeiro semestre de 2012 frente aos US$ 4,38 bilhões obtidos no mesmo período do ano passado. Para o presidente da empresa, Wesley Batista, diante dos ganhos de competitividade gerados pelo dólar mais valorizado em relação ao real, o segundo semestre deverá ser "mais forte". Na sua opinião, a companhia conseguirá reconquistar mercados que tinha perdido quando a moeda americana oscilava entre R$ 1,50 e R$ 1,60. "A tendência em 2012, com o real um pouco mais desvalorizado, é de uma abundância maior de matéria-prima, e que as exportações voltem a crescer cerca de 15% sobre o ano anterior", diz Jeremiah O'Callaghan, diretor para Relações com Investidores do Friboi.

Com acesso a 100% dos mercados consumidores, a JBS possui 140 unidades de produção no mundo. Para O'Callaghan, há uma carência de carnes no mundo, particularmente em grande parte da Ásia, Oriente Médio, Leste da Europa, Rússia e boa parte do Norte da África. "Todos esses fatores impulsionarão um crescimento das vendas externas da ordem de 15%", diz. Para este ano, a previsão da companhia é de uma receita líquida de R$ 75 bilhões, acréscimo de 20% sobre o ano anterior. A Abiec também observa tendência de crescimento nos volumes de venda da carne brasileira para Chile, Líbia e Venezuela.



Veículo: Valor Econômico


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