Carnes devem ficar mais 'salgadas' na ceia de Natal

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Com chegada do fim do ano, preços devem subir 20% em BH. Produto engorda alta da inflação em outubro no país


A proximidade das festas de fim de ano, que fazem triplicar a demanda por alimentos tradicionais como o filé-mignon, picanha e o lombinho suíno, já deu sinal verde para a alta de preços dos alimentos, carros- chefes do Natal e ano-novo. A estimativa do mercado é que a partir da próxima semana até a véspera do Natal os preços não fujam à média histórica. Embalados pelo emprego temporário e 13º salário os preços dessas carnes devem acelerar cerca de 20% no acumulado do período, o que é mais de três vezes a inflação do país em 12 meses. O custo de vida medido pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que em outubro os preços da carne saíram do patamar de estabilidade para registrar alta de 2,06% na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH).

 

O grupo alimentos e bebidas consolidou a principal pressão no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Em outubro a inflação avançou 0,47% na RMBH e 0,59% no país. O índice nacional acumulado em 12 meses de 5,45% e, na Grande BH, de 5,67% superam a estimativa do mercado, que prevê taxa de 5,44% no fechamento do ano. Há 31 anos no mercado André da Mata, dono da Boutique da Carne, na Região Sul de Belo Horizonte, já recebeu aviso de seus fornecedores que a partir do dia 15 os preços das carnes serão corrigidos. Ele explica que a oferta não é suficiente para responder à demanda da época e o comportamento do consumo faz os preços crescerem em patamares recordes. “No Natal a procura pelo filé- mignon, por exemplo, cresce a uma proporção de três por um. Não há oferta para responder à demanda.”

 

Pesquisa do Mercado Mineiro aponta que nos supermercados de Belo Horizonte o preço médio do filé mignon é de R$ 42,40. Uma alta de 20% elevaria o valor em R$ 8,48, já nas casas de carne onde o preço médio é de R$ 27,33 a alta seria de R$ 5,4. Há 15 anos no mercado, o proprietário do Bufê Churrasco de Minas, Rodrigo Moran Fernandes, diz que tradicionalmente o mercado já espera pela alta que chega aos produtos a partir de novembro. Segundo ele, a picanha chega a acumular valorização de 20%, mas o que mais dispara nessa época são os suínos. “Em dezembro o preço do lombinho chega a subir 40%”, apontou.

 

No pasto Douglas Coelho, consultor da Scot consultoria especializada no mercado agropecuário aponta que os frigoríficos já sentiram a redução das escalas de abate. “O mercado do boi gordo deve seguir firme e há espaço para novas altas até dezembro.” O mês abriu com alta de 2% no valor da arroba em São Paulo e cerca de 1% em Belo Horizonte. Os preços médios, que variam entre R$ 96 e R$ 98, já são estimados em R$ 100 no fim do ano pelo mercado futuro.

 

Otimista, Pedro Montalvânia, proprietário do Frigorífico Montalvânia, na Região Central de Belo Horizonte, diz que o preço do filé-mignon, hoje comercializado por R$ 27,90, deve avançar 8% até o Natal, atingindo R$ 30. “Existe uma boa oferta do produto e o consumo da população está contido”, diz.

 

Mais pressão sobre preços na capital

 

Em Belo Horizonte a inflação medida pelo IBGE em outubro foi pressionada pela alta de 1,33% do grupo alimentos e bebidas, mas os transportes também pressionaram o custo de vida. No país as passagens aéreas vem apresentando quedas constantes enquanto na Grande BH o percentual faz o caminho inverso e registra forte alta.

 

O grupo transportes que havia fechado em queda de -0,61% em setembro cresceu para 0,81% em outubro. No mês passado houve queda de 1,13% nos preços no item veículos próprios enquanto em outubro o resultado foi um aumento de 0,69%. As reduções nos preços da gasolina (-0,50%) e no etanol (-1,33%) em setembro foram substituídas por aumentos de, respectivamente, 0,93 e 0,69%.

 

As passagens aéreas registraram alta de 15,52% em outubro, após um aumento de 5,55% em setembro. “A alta das passagens aéreas na RMBH segue tendência contrária à do país. Veículos e motos também mostram que os efeitos da política de redução de impostos já não são relevantes”, comenta Antonio Braz, analista do IBGE em Minas.

 

Em baixa Aliviando o custo de vida, os serviços pessoais tiveram redução de -1,26% em setembro após aumento de 1,86% no mês anterior, por conta da redução de 1,68% na despesa com empregados domésticos. A alta sazonal dos alimentos no Natal, na opinião do analista Antonio Braz, não deve fazer com que a inflação no fechamento do ano fuja das previsões do Boletim Focus (Banco Central) que projeta para o país uma taxa de 5,4%.

 

Veículo: Estado de Minas


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