Depois de estrear no mercado brasileiro de carne de frango com o arrendamento da Doux Frangosul, em maio, a JBS aproveitou a crise de custos que espreme as empresas do segmento e anunciou ontem um acordo para adquirir a catarinense Agrovêneto, por R$ 128 milhões.
Em dificuldades por conta do forte aumento dos grãos usados na ração animal, a avícola sediada em Nova Veneza (SC) não vinha conseguindo sequer gerar caixa para amortizar os investimentos em modernização feitos nos últimos anos e trabalhava com 50% de sua capacidade instalada, segundo uma fonte de mercado.
Diante dos problemas, a venda para a JBS foi a única solução encontrada pelos controladores. Por causa das dívidas, a aquisição da Agrovêneto sairá, na prática, por R$ 10 milhões, pagos com ações da JBS. Os R$ 128 milhões restantes serão contabilizados por meio da assunção de dívidas da catarinense. O acordo depende de processo de due diligence.
Com faturamento anual estimado de R$ 300 milhões, a Agrovêneto tem capacidade de abate de frango de 140 mil aves por dia. Com isso, a JBS elevará sua capacidade de abate de aves no país para 1,34 milhão de cabeças por dia e passará a contar com quatro unidades no segmento.
Fundada em 1997, a Agrovêneto atua nos mercado interno quanto externo, informou a JBS. No caso das exportações, a empresa catarinense concentra suas vendas nos mercados da Ásia, Europa e Oriente Médio.
A aquisição da avícola catarinense marca a expansão da JBS no segmento de frango no Brasil. Maior frigorífico de carne bovina do país, a empresa concentrava suas operações de aves nos EUA, com a Pilgrim's Pride, segunda maior companhia de carne de frango do mundo.
Em maio, a JBS estreou no segmento com o arrendamento dos ativos da Doux Frangosul, que também enfrentava dificuldades financeiras. No mês seguinte, em entrevista ao Valor, o presidente da empresa, Wesley Batista, informou que os planos para a área eram ambiciosos. "Entramos para conhecer o mercado, mas podemos competir com BRF - Brasil Foods e Seara [do grupo Marfrig ] nos próximos anos", disse, referindo-se às líderes desse mercado.
A estratégia de aquirir empresas em situação financeira delicada deve continuar, segundo fontes de mercado. O Valor apurou que a JBS avalia que o momento do segmento avícola no Brasil é parecido com o dos frigoríficos de bovinos em 2008, quando os reflexos da crise internacional detonaram uma "quebradeira" na área e abriram espaço para a consolidação do segmento de carne bovina em torno da própria JBS e das concorrentes Marfrig e Minerva.
Além da estreia em frango, a JBS também deflagrou em 2012 uma agressiva estratégia para ampliar sua capacidade de abate de bovinos. Impulsionada pela maior disponibilidade de gado, a empresa comprou ou arrendou 12 unidades neste ano.
Em maio, a JBS fez uma proposta para a aquisição dos ativos do frigorífico Independência, em recuperação judicial. A expectativa é que o negócio se concretize até o fim do ano. Conforme já informou o Valor, a empresa fechou um acordo com todos os detentores de bônus da dívida do Independência, uma das últimas pendências para a concretização do acordo.
Veículo: Valor Econômico