Alta em outubro é considerada fundamental para retomada da rentabilidade do setor.
A redução do número de bovinos presentes nos confinamentos de Minas Gerais está estimulando os preços da arroba do boi gordo. A expectativa é a de que a cotação do produto permaneça em ascensão até dezembro. O pico de preço deverá ocorrer ainda neste mês, porém não atingirá valores recordes como os observados nos dois últimos anos. Outubro foi considerado um mês favorável para os pecuaristas de corte, no Estado foi registrada alta de 2,15% na arroba do boi gordo, o volume foi comercializado, em média, a R$ 95.
De acordo com o zootecnista e consultor da Scot Consultoria, Douglas Coelho, a tendência é a de que o preço da arroba do boi gordo continue em elevação ao longo do último bimestre deste ano. Vários fatores irão contribuir para a sustentação dos valores, entre eles estão a redução da oferta, as festas de fim de ano e a maior capitalização dos consumidores, devido ao recebimento do 13º salário.
"Novembro, geralmente, é o mês de menor oferta de carne bovina, por isso a tendência é que os preços sejam alavancados. A queda na disponibilidade do produto ocorre em um período de alta demanda", diz.
A alta registrada em outubro foi considerada fundamental para a recuperação da rentabilidade do setor. De acordo com o consultor da Scot, ao longo dos nove primeiros meses de 2012 os pecuaristas trabalharam com a margem de lucro reduzida e, em alguns períodos, acumulando prejuízos.
Custos - A perda da rentabilidade foi promovida pela alta expressiva nos custos de produção do confinamento e pela estagnação dos preços da arroba do boi gordo. Segundo Coelho, os custos com a aquisição de alimentos para o rebanho confinado foram impulsionados pelo encarecimento do milho e da soja, produtos que representam cerca de 75% dos gastos do setor.
A expectativa é a de que os pecuaristas recuperem parte das perdas ao longo do bimestre, porém os níveis de rendimento não serão tão expressivos como os vistos nos dois últimos anos. "A alta dos grãos não era esperada e isso interferiu na tomada de decisão dos pecuaristas em relação ao volume de animais destinados ao confinamento, que ficou menor. A tendência é a de que os preços sejam ampliados, mas este ano não veremos recordes, uma vez que a oferta de outras carnes como a suína e de aves está maior e com preços mais competitivos", avalia Coelho.
A tendência de alta também foi observada pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais (Emater-MG). De acordo com a entidade, é esperada expansão significativa nos próximos 60 dias. Outro fator que irá favorecer a valorização é a seca que está comprometendo a recuperação das pastagens.
Preços - Segundo dados da Emater-MG, na última semana de outubro a cotação do boi gordo manteve a tendência de alta nas principais regiões produtoras do Estado. A maioria dos negócios foi firmada entre um mínimo R$ 91 e R$ 92 e o máximo de R$ 93 e R$ 94 por arroba. Em relação à cotação média de R$ 91 praticada em outubro de 2011, os preços atuais tiveram reajuste de no máximo R$ 3 por arroba ou 3,3%.
De acordo com o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), os preços da arroba têm registrado aumentos na maioria das praças pesquisadas pela entidade. Segundo os pesquisadores, os agentes de frigoríficos precisam ofertar preços ligeiramente mais elevados para a compra de novos lotes, devido à baixa oferta de animais e à menor escala de abate.
Desde o dia 24 de outubro, o Indicador Esalq/BM&FBovespa reverteu a baixa que vinha acumulando no mês. Ao fechar a R$ 97,21 na última quarta-feira, tinha alta de 1,27% ante o encerramento de setembro.
Veículo: Diário do Comércio - MG