Depois de suspensão de importações com confirmação de agente causador de doença, Brasil mudará procedimento que atesta saúde de animal
Após a suspensão das importações da carne bovina brasileira por dez países, o governo decidiu submeter todos os criadouros de gado a análises minuciosas de sanidade.
À Folha o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Célio Porto, informou que serão revistos todos os procedimentos que atestam a saúde desses animais, a começar por possíveis falhas no combate ao mal da vaca louca (encefalopatia espongiforme bovina, conhecida por EEB).
"Vamos fazer uma revisão em todos os procedimentos operacionais para ter certeza de que estamos fazendo tudo o que é preciso ser feito."
Significa que os Estados, que são responsáveis pela saúde dos bovinos, quando ainda vivos, terão de enviar equipes aos locais de criação.
A fiscalização seguirá uma espécie de "check list", acompanhando as orientações da OIE (sigla em inglês para Organização Mundial de Saúde Animal). Os resultados serão encaminhados ao ministério.
"É como se fosse uma auditoria do ministério sobre os serviços estaduais", disse.
Após se certificar de que o procedimento para evitar novos casos de vaca louca está correto, o governo deve analisar o processo para as demais doenças. O projeto, de longo prazo, só deve ser concluído no fim do ano.
NEGOCIAÇÃO
Em dezembro, o governo confirmou a identificação do agente causador do mal da vaca louca num animal que morreu no Paraná em 2010.
O governo defende que o caso foi isolado e não foi suficiente para alterar a classificação de risco da carne brasileira. Portanto, as decisões de restringir as importações são vistas como medidas protecionistas pelo Brasil.
Japão, África do Sul, Coreia do Sul, Taiwan e China deixaram de importar todos os produtos brasileiros, animais vivos ou carne bovina congelada. O Peru adotou a mesma medida, por 90 dias.
Jordânia e Líbano aplicaram a restrição apenas para a carne vinda do Paraná.
A Arábia Saudita só comprará carne vinda do Pará. Já o Chile deixou de comprar farelos de osso e de carne.
Para tentar reverter essas decisões, o Ministério da Agricultura fará uma lista amanhã, com a ajuda do Itamaraty, dos países mais importantes para começar a renegociar o embargo.
Veículo: Folha de S.Paulo