Com abate médio de 20 mil cabeças por dia e o maior rebanho bovino do País, as indústrias frigoríficas do estado estão reduzindo a escala de abate por falhas no sistema de emissão de Guia de Transporte Animal (GTA) do governo estadual. De acordo com o presidente da Associação dos Criadores do Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vaccari, o problema está no sistema eletrônico ineficaz utilizado pelo Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) e não deve ser resolvido rapidamente.
Em entrevista ao DCI, Vaccari afirmou que o sistema, implantado no início de janeiro, apresentou problemas desde os primeiros dias. "Além da lentidão absurda, a emissão da guia eletrônica fica dois, três dias fora do ar, inviabilizando o transporte de animais para abate", garante.
A GTA é obrigatória no trânsito de animais dentro do Mato Grosso. Vaccari reconhece a importância do sistema e lembra que outros estados já o implantaram com sucesso: "É uma vergonha que o Mato Grosso, o maior produtor pecuário do País, não consiga ter seu próprio sistema funcionando com eficiência".
Dificuldades
Desde a sexta-feira de carnaval pecuaristas de todas as regiões de Mato Grosso estão enfrentando dificuldade para emitir a Guia. Uma semana depois o problema, ao invés de ser resolvido, piorou, e na semana passada ficou fora do ar. O produtor da região de Vila Bela da Santíssima Trindade, a 520 quilômetros de Cuiabá, Cristiano Alvarenga, disse que na tarde de sexta-feira havia mais de 20 pecuaristas esperando na porta da unidade do Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea) para tentar retirar o documento e embarcar o gado para abater na segunda-feira.
O Indea é o órgão responsável pela emissão do documento, mas o desenvolvimento do software foi realizado pelo Centro de Processamento de Dados do Estado de Mato Grosso (Cepromat). A coordenadora de controle de doenças animais do Indea, Daniela Soares, disse que o órgão é apenas um operador do sistema e que cabe ao Cepromat solucionar o problema.
De acordo com ela, há duas equipes trabalhando para colocar o sistema no ar. "Eles estão tentando resolver, não nos passam a causa das quedas do sistema. Mas sabemos que o problema é que não há suporte para atender a demanda."
Inaceitável
Para Vaccari, o fato é inaceitável. "Estamos deixando de abater porque o sistema eletrônico não funciona. A integração à plataforma eletrônica é uma exigência do Ministério da Agricultura e Pecuária e uma reivindicação antiga da Associação". Ainda de acordo com o superintendente, é preciso reconhecer que o sistema não tem capacidade para operar no Mato Grosso e desenvolver um software compatível com a demanda do estado.
A intenção do projeto era de que cada um pudesse imprimir a GTA de sua propriedade antes do embarque, como afirma Daniela Soares. "O objetivo final é que cada um possa emitir seu documento pela Internet diretamente, sem intermediários. Mas se não estamos conseguindo por meio das unidades do Indea, não temos como liberar para acesso individual."
Crescimento em 2012
Os abates de bovinos em Mato Grosso, estado detentor do maior rebanho do País, atingiram em 2012 o maior nível em quatro anos. Entre janeiro e novembro do ano passado, os frigoríficos mato-grossenses abateram 5,05 milhões de cabeças, número que já é superior ao volume abatido em todo o ano de 2011
Veículo: DCI