Varejistas estimam crescimento de até 80% no comércio de pescados em Belo Horizonte, mas consumidor deve pesquisar antes de comprar, porque variação de preços chega a mais de 75%
Comerciantes de Belo Horizonte estão animados com a quaresma, iniciada ontem. Há lojista que estima aumento de até 80% nas vendas de pescados, lideradas pelo bacalhau, o carro-chefe desta época do ano. O lucro ainda será engordado por mercadorias afinadas com os diferentes pratos de peixe, como azeite, azeitona e vinhos. Tanto que algumas peixarias aproveitam a data religiosa para faturar com garrafas produzidas no Sul do país e importadas de Portugal e Chile.
É o caso da Oceânica Pescados, no Bairro Bonfim, região que reúne tradicionais lojas do ramo. A gerente do estabelecimento, Carla Sueli Leite, acredita que as vendas de pescado tanto de água doce quanto do mar vão subir 25% na quaresma. “Além do bacalhau, o surubim e o dourado estão tendo boas saídas”, comemorou ela enquanto segurava um bacalhau, próximo ao balcão, onde garrafas de diferentes vinhos foram colocadas estrategicamente para provocar o paladar e o bolso da clientela.
O movimento de consumidores no Império dos Cocos, famoso ponto de venda do Mercado Central, também foi bom ontem. O gerente Alexandre Pereira Cândido avalia que a loja deve negociar, na quaresma, 3 mil quilos a mais de bacalhau. Uma de suas apostas é o tipo dessalgado, que custa de 20% a 30% a mais que o tradicional. “O belo-rizontino começa a descobrir o dessalgado. Nessa época do ano, a venda de azeitonas também cresce de 8% a 10%”.
A expectativa de bom lucro anima tamb[em o empresário Rodrigo Garcia Lage, dono da Peixaria Santo Peixe, no Bairro Jaraguá. A boa procura por diferentes tipos de pescado, explicou o comerciante, começou antes mesmo do carnaval. “Espero aumento de 80% nos negócios. Assim como o bacalhau, o salmão está com boa saída”, acrescentou.
Custo salgado
Os comerciantes não estão tendo dificuldades de importar os pescados. A chegada de peixes nacionais também não preocupam os lojistas. Por outro lado, é bom o consumidor pesquisar bem antes de levar algum produto para casa, pois o preço oscila bastante na capital mineira. Pesquisa divulgada pelo site Mercado Mineiro na última semana mostrou que o preço do quilo do bacalhau saith, por exemplo, varia 53,4% no comércio da capital.
O quilo do produto, segundo o levantamento, vai de R$ 23,98 a R$ 36,80. O preço do quilo do bacalhau porto imperial também tem grande diferença, de R$ 42,89 a R$ 59,98 – variação de 40%. “O ideal é pesquisar mesmo. Vou comprar bacalhau daqui a dois dias, mas comecei a pesquisar hoje (ontem)”, disse José Januário Pio, de 79 anos.
Não só o bacalhau varia de preço. Outros pescados têm diferenças ainda maiores. O valor do piratinga, por exemplo, é negociado de R$ 12 a R$ 21 – 75% de variação. “É um peixe de bom gosto. Sempre como o piratinga, mas o ideal é consultar os preços, porque a diferença é grande”, alertou Vandeir Custódio dos Passos, de 34 anos, funcionário de um açougue da capital. Ele conta que o peixe é alimento constante em sua casa, “não só na época da quaresma”.
Essa é uma tendência em todo o país, embora ainda caminhe a passos lentos. De acordo com o último levantamento do Ministério da Pesca, divulgado ano passado e cujos dados se referem a 2010, a produção de pescado no Brasil subiu 2% entre 2009 e o exercício seguinte, de 1,24 milhão de toneladas para 1,26 milhão de toneladas.
Avanço em Minas
O relatório informa que “a pesca extrativa marinha continuou sendo a principal fonte de produção de pescado nacional, sendo responsável por 536.455 toneladas (42,4% do total), seguida pela aquicultura continental (394.340 toneladas; 31,2%), pesca extrativa continental (248.911 toneladas; 19,7%) e aquicultura marinha (85.057 toneladas; 6,7%). Em Minas, a produção da pesca continental subiu, entre 2009 e 2010, de 8, 8 mil toneladas para 9,5 mil toneladas – aumento de 7,8%. (PHL)
Veículo: Estado de Minas