Custos de produção começam a superar valores recebidos nas negociações das aves.
Os preços pagos pelo quilo do frango vivo em Minas Gerais voltaram a apresentar retração ao longo da terceira semana do mês e, com isso, a situação dos avicultores volta a se complicar. Em algumas regiões os custos de produção já superam os preços recebidos na comercialização. Entre os dias 1º e 23 de abril o recuo nos valores chegou a 19,14%.
De acordo com o analista da Safras & Mercado Fernando Henrique Iglesias, a situação deverá se agravar, uma vez que não existem sinalizações de retomada dos preços. Além disso, ao longo da última semana do mês o consumo de carne normalmente diminui, o que contribui para novas quedas.
"Houve redução nos custos de produção, principalmente em relação ao milho e à soja, que estão em plena colheita, o que incentivou o aumento da produção nas granjas. Com isso, o mercado está superabastecido e os preços voltaram a cair e com tendência de novas baixas", avalia.
Em Minas Gerais, os preços pagos pelo quilo do frango vivo, no dia 23, estavam em torno de R$ 1,90, valor 19,14% inferior aos R$ 2,35 registrados nas negociações feitas no início deste mês.
Os custos de produção estão mais em conta devido à maior oferta de milho e soja no mercado, porém, com a redução dos preços pagos aos avicultores, em muitas regiões do Estado os gastos com a produção estão em torno de R$ 2,10 por quilo, superando em 9,5% os preços recebidos pela comercialização das aves.
Oferta - De acordo com dados levantados pela Safras & Mercado, a situação registrada em Minas Gerais é semelhante às demais regiões produtoras do país. "O mercado brasileiro de frango segue influenciado pelo excedente de oferta, fator que contribui para novos recuos de preço ao longo desta semana na maioria das praças de comercialização do Brasil", ressalta.
Segundo Iglesias, as estimativas de mercado apontam que o consumo mensal de carne de frango no país gira em torno de 660 mil toneladas a 670 mil toneladas, volume que está bem aquém da produção registrada no primeiro trimestre. Em janeiro foram produzidas 963 mil toneladas de carne de frango, em fevereiro 909 mil toneladas e para março a expectativa é de que tenha ficado em 1,04 milhão de toneladas.
Outro fator que tem complicado ainda mais a situação do setor avícola são as exportações brasileiras de frango, que estão em ritmo mais lento do que o registrado no ano passado. Com isso, o volume que seria destinado ao mercado externo é remanejado para o doméstico, promovendo o aumento da oferta e a redução dos preços.
Em Minas, ao contrário do resto do país, as exportações continuam em elevação. Os embarques de carne de frango, ao longo do primeiro trimestre, somaram US$ 87,9 milhões, incremento de 22,5%. O volume destinado ao mercado internacional foi de 44,4 mil toneladas, alta de 4,76% sobre o volume embarcado no primeiro trimestre de 2012, que foi de 42,4 mil toneladas.
De acordo com Iglesias, o volume excedente de oferta no mercado não será resolvido no curto prazo, o que poderá provocar novas quedas nos preços ao longo das próximas semanas. "A retomada do equilíbrio entre a oferta e a demanda ainda irá demandar um certo tempo, por isso a expectativa é que no médio e curto prazos os preços se mantenham em trajetória de queda", avalia.
Veículo: Diário do Comércio - MG