Big Frango se reestrutura para ser viável

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Depois de quase ser colocada à venda no ano passado devido às dificuldades provocadas pela disparada dos grãos usados na ração animal e, principalmente, por sua elevada dívida de curto prazo, a processadora de carnes paranaense Big Frango deflagrou um profundo choque de gestão. À frente da companhia, o empresário Evaldo Ulinski demitiu toda a diretoria e iniciou uma peregrinação pelos bancos credores em busca de prazo mais longos para o pagamento das dívidas da companhia.

A ofensiva começa a mostrar efeito. Graças ao repasse de preços da carne de frango, a Big Frango saiu do vermelho e encerrou o primeiro trimestre deste ano com um lucro líquido de R$ 5 milhões. No mesmo intervalo de 2012, havia amargado um prejuízo de R$ 4 milhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) passou de cerca de R$ 15 milhões no primeiro trimestre de 2012 para R$ 37 milhões nos primeiros três meses deste ano. Na mesma comparação, o faturamento saltou de R$ 310 milhões para R$ 370 milhões. Com os resultados do primeiro trimestre, a Big Frango já estima um faturamento de R$ 1,5 bilhão em 2013, ante R$ 1,2 bilhão em 2012.

Em entrevista ao Valor, Ulinski reconheceu sua parcela de "culpa" no difícil momento vivido pela empresa no ano passado. "Perdi o foco quando resolvi me dedicar a uma operação que representava apenas 5% do faturamento", disse ele, referindo-se à incursão da Big Frango no mercado de cortes especiais de carne bovina, operação que foi já abandonada pela companhia.

A situação delicada da Big Frango se refletia, principalmente, no elevado endividamento para uma empresa de médio porte. No fim de 2012, a companhia acumulava uma dívida de R$ 400 milhões, dos quais R$ 200 milhões com vencimento no curto prazo. "Do jeito que estava, teríamos que vender a empresa", afirmou Ulinski. Propostas não faltaram. O executivo não comenta, mas o Valor apurou que a Big Frango recebeu sondagens da JBS e de um fundo de investimentos americano. Questionada sobre o interesse na Big Frango, a JBS não comentou.

De volta ao negócio principal da companhia, Ulinski demitiu, em setembro passado, toda a diretoria. No mesmo mês, iniciou as conversas com os bancos para renegociar a dívida, processo que deve ser concluído ainda neste mês.

Nas negociações com os bancos, a Big Frango conseguiu um prazo de carência de dois anos com os grandes bancos e seis meses de carência com os bancos médios, segundo Ulinski. "Teremos cinco anos para pagar a dívida com os grandes bancos", disse o executivo. Ele informa, ainda, que a apenas 20% da atual dívida da empresa está nas mãos dos bancos médios, que começarão a ser pagas ainda neste ano.

Confiante que a Big Frango conseguirá manter a margem Ebitda de 10% registrada no primeiro trimestre, o empresário já estima que a dívida da companhia cairá para cerca de R$ 350 milhões no fim do ano. A empresa também deterá um caixa de R$ 50 milhões, projeta Ulinski.

Parte do otimismo do executivo está ancorada numa decisão da diretoria demitida, que não reduziu o alojamento de matrizes em agosto do ano passado. Naquele momento, quase todas as grandes indústrias cortaram a produção para amenizar os efeitos da alta dos grãos usados na ração. A Big Frango não o fez e por isso agora tem oferta para atender a demanda. A empresa obtém 85% de sua receita com carne de frango.

Hoje, a Big Frango opera com capacidade máxima, abatendo 460 mil frangos por dia, nas unidades de Rolândia e Santa Fé, ambas no Paraná. Na área de suínos, a empresa abate 1,5 mil cabeças por dia em Palmas (PR) e produz embutidos em uma unidade em Maringá.



Veículo: Valor Econômico


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