Integração, o grande desafio de uma gigante ainda maior

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Com a aquisição da Seara Brasil, a JBS passa a ter um faturamento anualizado líquido da ordem de R$ 100 bilhões. O número aproxima a gigante global de proteína animal da Vale na disputa pelo posto de segunda maior companhia de capital aberto do país, em um ranking liderado com folga pela Petrobras.

Mas esse não é o único dado que chama a atenção. A empresa fundada pelos Batista em 1953 terá 187 mil funcionários em 330 plantas (considerando unidades de produção, centro de distribuição e escritórios) em 23 países.

O abate de aves vai atingir 12 milhões por dia, o que consolida a companhia como a maior empresa de frangos do mundo. Já o abate de suínos alcançará 70 mil cabeças diariamente e a produção de couros, 105 mil peças. A compra da Seara Brasil não altera os números de abate de bovinos e ovinos, também bastante expressivos: 85 mil e 25 mil, respectivamente.

Diante de números tão colossais, a questão da integração é a primeira que se coloca. Na operação com a Marfrig, a JBS vai receber 30 unidades industriais e 21 centros de distribuição da Seara Brasil. O desafio será grande. Mas Wesley Batista, presidente da JBS, espera que a integração seja rápida. "Temos histórico de fazer integração. A Pilgrim's é um exemplo de como se faz integração", disse, quando questionado sobre o desafio de integrar as unidades que virão com a Seara Brasil, durante entrevista coletiva ontem.

A JBS comprou a americana Pilgrim's Pride, que estava em recuperação judicial, em 2009. Na integração das operações, fechou unidades que não eram rentáveis, enxugou a estrutura administrativa e reduziu níveis hierárquicos.

Batista afirmou que a JBS não tem planos de fechar fábricas da Seara Brasil. "Pelo contrário. Acreditamos na capacidade de crescer", acrescentou, observando que a Marfrig vinha trabalhando com capacidade ociosa. "Vamos olhar como expandir a operação dentro da Seara".

Ele disse ainda que a Marfrig "fez um bocado com relação à questão da integração" das unidades recebidas da BRF. "A Marfrig fez boa parte da integrações e vamos continuar esse processo. Como se faz isso? É olhando todo dia. É [colocando] a pessoa certa no lugar certo. Acho que a Pilgrim's é um exemplo, que temos no grupo, de como se faz integração. Tinha cinco escritórios nos EUA e hoje tem um só, com serviço compartilhado para tudo", afirmou.

Ainda que a tarefa da JBS não seja pequena, a percepção entre fontes do setor é que a companhia conseguirá "entregar" o que está prometendo em relação à integração. "A leitura geral é que a JBS sempre soube comprar e integrar melhor que a Marfrig", afirmou uma fonte. Mas, para fazer a integração, a JBS terá de fechar as unidades que não são eficientes, acrescentou.

A dificuldade em integrar os ativos recebidos pela BRF em 2011 foi uma das razões do mau desempenho da Seara Brasil, o que vinha afetando os balanços da Marfrig. Num cenário de endividamento elevado, a venda do ativo foi a opção para melhorara estrutura de capital da companhia fundada por Marcos Molina.

Ontem, o futuro CEO da Marfrig, Sérgio Rial, fez um mea-culpa e admitiu que o elevado número de aquisições feitas pela empresa nos últimos cinco anos (43) dificultou o processo de integração. "Neste momento, [a venda da Seara Brasil] é a escolha certa para melhorar a estrutura de capital", afirmou o executivo.



Veículo: Valor Econômico


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