Mercado interno é prioridade do setor de suínos em 2009

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A recente notícia, em dezembro passado, do menor acesso da carne suína brasileira ao principal mercado externo comprador do produto, a Rússia, por conta da redução das cotas de importação por aquele país, somada ao cenário de turbulência global e maior volume de produção esperado para 2009 no mercado interno, deixa o setor apreensivo.

 

O quadro levará produtores e indústrias a concentrar esforços na briga pela preferência dos consumidores no Brasil. Além disso, os exportadores pressionam o governo para agilizar os processos de abertura de alguns mercados como África do Sul, China, Filipinas, União Européia, Japão, Estados Unidos, México e Coréia do Sul.

 

Quanto ao mercado no Brasil, entre as proteínas consumidas, a de suínos está em terceiro lugar no ranking, após a carne bovina e de frangos. Para o ano que vem, o setor projeta um aumento de produção da ordem de 120 mil toneladas, para 3,150 milhões de toneladas, na comparação o que foi produzido em 2008. "Temos 186 milhões de consumidores no Brasil, um mercado sem cotas e sem barreiras de nenhum tipo. Há espaço para fortalecer o trabalho que o setor já vem fazendo para aumentar o consumo de carne suína no mercado interno", avalia Fabiano Coser, diretor da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS).

 

A redução de cotas no mercado russo, que representa cerca de 45% das exportações do setor, surpreendeu a cadeia produtiva. Com o arrefecimento das exportações, se tornará ainda mais urgente a aprovação, pelo governo federal, de algumas medidas solicitadas em dezembro pelo setor ao ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, com o objetivo de dar fôlego ao segmento até que o cenário econômico pós-crise esteja melhor definido.

 

Entre as medidas, lembra Coser, uma das mais urgentes é a aprovação de crédito para a retenção de matrizes. Na carta enviada ao ministro, os produtores solicitam a recriação da linha de crédito para esse fim com limites de R$ 500 por matriz ou, até, R$ 400 mil por suinocultor. Essa linha existia em 2007 e tinha limite de até R$ 100 mil por produtor.

 

"Em momento de crise, se há desaquecimento da demanda e excesso de produção, o produtor começa a se desfazer do plantel. Se ele tem crédito para reter as matrizes, ganha um pouco de fôlego para continuar na atividade", explica Coser. A produção de suínos não se ajusta tão rapidamente à demanda, diferentemente do setor de aves. No caso do suíno, leva quase um ano para fazer um ajuste de ciclo produtivo. E ainda há de se considerar que os efeitos da turbulência global começarão a ser mais bem desenhados, quem sabe, somente a partir de março ou abril próximos.

 

No documento entregue ao ministro, o setor também pede liberação de Empréstimo do Governo Federal (EGF) para as indústrias, elevação dos atuais R$ 36 mil para R$ 50 mil em recursos oficiais para operação por produtor integrado, além da ampliação de limite da Linha Especial de Crédito (LEC), que tem como objetivo estimular a comercialização do produto. Para o suinocultor que não é integrado, o setor pede aumento do limite para o custeio pecuário, de R$ 200 mil para R$ 300 mil por produtor. "Algumas dessas solicitações, como a reativação da linha para retenção de matrizes, são urgentes. Gostaríamos que saíssem decisão antes do plano agrícola, em meados do ano."

 

Rússia

 

Em dezembro de 2008, a Rússia anunciou a mudança em seu sistema de cotas para importação de carne suína. Sua cota de importação subiu de 502,2 mil toneladas para 531,9 mil toneladas. Porém, o aumento foi direcionado para os EUA, que teve sua cota específica dobrada, para 100 mil toneladas em 2009.

 

O Brasil ainda está incluso na cota "outros países". Os países que podem exportar para a Rússia inclusos nessa listagem tiveram redução da cota de 197,1 mil toneladas em 2008 para 177,5 mil toneladas em 2009, de acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne Suína (Abipecs). Além disso, a tarifa cobrada para quem negociar fora dessa cota ficou mais cara. A Abipecs calcula queda de cerca de 50% das exportações em novembro e dezembro, ante o mesmo período de 2007.

 


Veículo: DCI


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