Barreiras caem e impulsionam exportação de aves e suínos

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O segundo semestre promete ser mais promissor para a balança comercial de aves e suínos. Em maio há uma expectativa de aumento lento no consumo per capita de carnes de frango e de porco no mundo, e os exportadores brasileiros acreditam que o fim de barreiras sanitárias em alguns mercados pode impulsionar as vendas para o mercado externo e garantir ao menos o mesmo nível de exportação destas carnes alcançado no ano passado.

A avicultura deu um passo concreto nesta semana após o México aceitar, na última quarta-feira, as garantias sanitárias para liberar a importação de frangos e ovos férteis após realizar visitas a oito plantas brasileiras, localizadas principalmente no Sul, disse o presidente da União Brasileira de Avicultura (Ubabef), Francisco Turra ao DCI.

Das oito, uma pertence à JBS no Rio Grande do Sul, uma à Seara Brasil - cuja compra pela JBS, anunciada em junho, está em análise no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) - em Santa Catarina, e duas da BRF, uma localizada em São Paulo e outra em Minas Gerais.

O setor avícola do México passa por uma crise por causa da gripe aviária que acometeu os frangos do país neste ano. Segundo Turra, uma possibilidade é que as plantas brasileiras visitadas pela delegação mexicana recebam autorização para exportar aves e ovos férteis para o mercado mexicano.

Outra opção, sugerida pelo Brasil, é a de que as autoridades mexicanas habilitem as plantas que já têm autorização para exportar para a União Europeia (UE) e para o Canadá. "É um volume grande de frango que o México precisa importar e, para atender um volume significativo como esse, que é bastante emergencial, só tendo muita planta habilitada", argumenta.

Turra calcula que o Brasil possa exportar até 200 mil toneladas de frango das 300 mil toneladas que o México precisa importar até o fim deste ano. Para a balança comercial brasileira, esse número deve apenas garantir estabilidade nas exportações frente ao volume exportado no ano passado, de 3,918 milhões de toneladas, e reverter a queda de 5,7% no volume exportado no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, o setor avícola País exportou 2,987 milhões de toneladas.

Suinocultura


Apesar da perspectiva otimista, o México é um mercado temporário, que pode interromper as compras de aves quando conseguir se livrar da gripe aviária. Já para a suinocultura, o mercado ucraniano, reconquistado em junho, e japonês, aberto também no último mês, representam mercados permanentes, que podem impulsionar as exportações de suínos no longo prazo.

Por enquanto, o fim da barreira sanitária da Ucrânia à carne suína brasileira, anunciado em junho, não reativou as exportações. O país europeu comprou 288 toneladas de carne de porco brasileira no último mês, o equivalente a apenas 2,41% do volume registrado em junho do ano passado. Ao longo do semestre, o volume que a Ucrânia importou do Brasil somou 25,385 mil toneladas, 60,82% menos do que no mesmo período do ano anterior.

Ainda assim, o mercado ucraniano continua entre um dos maiores mercados consumidores da carne suína brasileira. Até junho, o país foi o destino de 10,55% das exportações nacionais e ficou atrás apenas da Rússia e de Hong Kong.

No cômputo geral, o Brasil exportou 240,515 mil toneladas de suínos no primeiro semestre, 10,52% menos do que o mesmo período de 2012.

Para representantes do setor, essa queda do primeiro semestre também deve ser revertida, como no setor avícola, e pode até superar as exportações do ano passado. Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas, a reabertura do mercado consumidor da Ucrânia será sentido somente em agosto. "Nos números deste mês não sei se vai ter um impacto completo, mas uma parte deverá aparecer nos números de julho. Espera-se que em agosto os números apareçam de forma sólida", atestou Vargas ao DCI.

Outro alento deste ano foi a abertura do mercado japonês à importação de suínos produzidos em Santa Catarina. Segundo relatório do Rabobank divulgado na última quarta-feira, os embarques ao Japão podem alcançar 100 mil toneladas no longo prazo.

O presidente da entidade é mais cauteloso e prefere ainda não fazer projeções. "Esperamos que o mercado japonês se abra gradativamente e assim consigamos enviar algum percentual da nossa produção", colocou.

Vargas calcula que as exportações de suínos possam crescer até 2% e alcançar 600 mil toneladas neste ano. Ele defende, porém, que essa elevação não se dê às custas do desabastecimento do mercado interno, que já consome 2,9 milhões de toneladas ao ano. "Hoje temos um consumo interno de 14 a 15 quilogramas per capita [por ano]. Poderíamos chegar até 100 quilogramas [per capital por ano] se puder. Não podemos retirar essa fatia do consumidor brasileiro", atesta o presidente da Abipecs.



Veículo: DCI


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