Nova JBS Foods deve faturar R$ 12 bilhões

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A JBS, que acaba de concluir a aquisição da Seara Brasil da Marfrig, está criando uma nova empresa, a JBS Foods, para abrigar as operações pertencentes à Seara (incluindo todas as suas marcas) e os negócios domésticos de aves e suínos da própria JBS. Com isso, a Seara deixará de existir como empresa e será apenas uma marca.

Em entrevista exclusiva ao Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, o CEO da JBS Foods, Gilberto Tomazoni, disse que a expectativa é que a nova unidade de negócios, que inclui as operações de frango, peru, suíno e margarina, tenha um faturamento anual de R$ 12 bilhões, dos quais 50% devem vir das exportações e 50% do mercado interno. Essa receita deve levar o faturamento total da JBS a R$ 100 bilhões.

Além de Tomazoni, que presidiu a antiga Sadia e tem grande experiência no segmento de aves e suínos e alimentos processados de carnes, a estrutura da JBS Foods terá ainda Marcos Samaha (ex-presidente do Walmart no Brasil) como presidente de mercado interno e James Cleary, que estava na JBS Aves, como presidente de mercado externo.

A chegada de um especialista em varejo como Samaha à JBS Foods dá uma ideia da importância que a empresa pretende dar ao mercado doméstico num momento em que a concorrente BRF tem em seu comando Abílio Diniz, fundador do Pão de Açúcar e agora ex-presidente do conselho de administração da varejista.

A JBS Foods terá 37 unidades, sendo 31 oriundas da Seara Brasil. As outras seis são plantas que já eram operadas pela JBS (três próprias e três arrendadas da Doux Frangosul), dentro da JBS Aves.

Segundo Tomazoni, "a princípio", a JBS não vê sobreposição nas operações de aves e suínos e industrializados. Ele afirmou que a empresa faz, neste momento, uma análise das operações para identificar possibilidades de ganhos de eficiência e rentabilidade. O objetivo é avaliar a performance das unidades e identificar gargalos e sinergias. A ideia, disse o executivo, é buscar sinergias também com os processos da JBS. No entanto, ainda é cedo para estimar quais seriam os ganhos em decorrência disso.

Um dos exemplos de medidas possíveis, afirmou Tomazoni, é concentrar determinada linha de produção numa unidade para que haja ganhos de eficiência. Mas não há definições, por ora. Ele ressaltou que também não há sobreposição na produção de frango e garantiu que a empresa "não está considerando, num primeiro momento, fechar unidades".

Segundo o executivo, a JBS Aves - criada pela JBS após o arrendamento de unidades da Doux no primeiro semestre do ano passado - vai operar de forma independente até que as sinergias entre suas unidades e as da Seara sejam mapeadas. Tomazoni chegou à JBS em março deste ano, justamente para comandar o negócio de aves e suínos.

Com a aquisição da Seara Brasil, a JBS terá mais 45 mil funcionários, elevando o total para 185 mil pessoas em todo o mundo. Questionado sobre eventual redução do quadro, Gilberto Tomazoni disse que "neste momento não há foco em cima disso".

Sob o guarda-chuva da JBS Foods ficarão 20 marcas, entre as mais importantes Seara, Rezende, Fiesta, Pena Branca, Frangosul, LeBon e Doriana.

A marca Seara, a principal dentro da unidade de negócios JBS Foods, segue como terceira no mercado das principais linhas de alimentos processados de carnes, atrás de Sadia e Perdigão. E o CEO da JBS Foods deu indicações de que esse quadro deve ser mantido por enquanto.

De acordo com ele, o foco da empresa será obter rentabilidade e não participação de mercado. "Vamos focar na lucratividade, não vamos focar no market share". Para o executivo, buscar os dois objetivos ao mesmo tempo é conflitante. "Quem busca vender mais volumes, baixa preço", observou. "Se for para ganhar [mercado], será pela preferência do consumidor", disse.

Tomazoni afirmou que a empresa irá trabalhar na melhoria da qualidade de produtos da antiga Seara, "processo já iniciado na Marfrig". Também haverá investimentos em marketing, mas estimativas de valores a serem aplicados ainda não estão disponíveis.

Para ter uma operação rentável, a experiência da JBS em outras aquisições será fundamental, segundo o executivo. "Vamos usar nossa experiência em turnaround para transformar a operação num negócio rentável e competitivo". Ele dá como exemplos de operações bem-sucedidas a compra pela JBS das americanas Swift Foods e da Pilgrim's Pride.



Veículo: Valor Econômico



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