Globoaves deixa Sadia e se alia à Tyson

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Depois de anos de tentativas, a americana Tyson Foods, maior produtora de carnes do mundo, finalmente conseguiu como aliada a paranaense Globoaves. As duas empresas fecharam contrato de produção e abate de 60 mil frangos por dia com duração de um ano. Com habilitação para exportar para a União Européia, Ásia, África e Oriente Médio, a Globoaves, é alvo de disputa entre Tyson e Sadia há, pelo menos, três anos. Agora, a empresa paranaense se tornou aliada da gigante americana que entrou no Brasil em 2008 com a compra de três frigoríficos de pequeno porte de abate de aves, mas com o agressivo propósito de disputar a liderança em frangos.

 

A multinacional tenta aproximação com a Globoaves desde 2006. Na época a intenção era firmar uma joint venture - e entrar no mercado brasileiro - projeto que foi frustrado com a entrada da Sadia S.A. na jogada que acabou fechando contrato de dois anos com o grupo paranaense. O acordo venceu em 7 de janeiro deste ano e, segundo o diretor-presidente da Globoaves, Roberto Kaefer, a decisão de não renovar foi tomada pelas duas empresas antes da crise. "Da nossa parte, queríamos o turno de volta para ficarmos livres para operar de jeito que quiséssemos. No contrato com a Sadia, nós vendíamos o pintinho, mas ela que queria fornecer o milho, usava nossas fábricas para fazer a ração e o abate. Nós cobrávamos a prestação do serviço", justifica Kaefer.

 

Agora, o contrato com a Tyson traz mais vantagens, segundo ele, pois agora a Globoaves é responsável por todo o processo de produção do frango que será vendido à Tyson e industrializado na fábrica da empresa brasileira em Cascavel (PR).

 

Com o fim do contrato de dois anos com a Globoaves, a Sadia passa a ter agora quatro parceiros, cujos contratos não devem ser rompidos, mas "renegociados", segundo informou a assessoria de imprensa da Sadia.

 

Questionado sobre a intenção de firmar joint venture com a Globoaves, o presidente da Tyson no Brasil, Jóster Macedo, afirma que não há atualmente nenhuma negociação em andamento. "Esse contrato não tem nenhuma relação com as negociações passadas", diz Macedo.

 

Sobre novas oportunidades de aquisições no Brasil, o presidente da Tyson afirmou que "em momento de crise, oportunidades apareceram, mas que a empresa não estuda nenhuma oportunidade concreta".

 

Macedo explica que a decisão de continuar avançando no Brasil - quando em todo o setor avícola a estratégia é recuar - tem relação com o plano de longo prazo da Tyson. "Já adquirimos três empresas em outubro e vamos continuar o projeto no Brasil, que não muda com a crise", afirma Macedo.

 

Além do contrato com a Globoaves, a Tyson também ampliará o número de produtores integrados na produção de frango. A multinacional vai contratar 670 novos integrados para abastecer as unidades de São José (SC) e Itaiópolis (SC) e de Campo Mourão (PR). Assim, a rede de integrados de Itaiópolis e Campo Mourão irá em 2009 para 340 aviários e a de São José para 350 aviários.

 

A ampliação dos integrados foi feita para elevar a oferta de frango para abate nas três unidades da empresa, que ainda estão com elevada capacidade ociosa e em ampliação. O projeto é de ampliar a unidade de São José (antiga Macedo Agroindustrial) para operar em dois turnos com abate diário de 176 mil aves. As unidades de Itaiópolis (Avita) e Campo Mourão (Frangobras) estão sendo ampliadas para que o abate atinja 320 mil aves por dia. "A capacidade de abate ainda estão sendo pouco utilizada, próxima de 25% em Campo Mourão e em Itaiópolis. Mas a meta é atingir essa capacidade entre 2010 e 2011", diz o presidente da Tyson no Brasil

 

Em 2007, a Tyson Foods mundial faturou US$ 26,9 bilhões, sendo 47% com a divisão de bovinos, 31% com a de frangos, 12% de suínos e 10% de alimentos preparados.

 

Globoaves

 

Kaefer, diretor-presidente da Globoaves, explica que por conta da retração no mercado externo, a empresa teve de reduzir turnos de trabalho nas fábricas e dispensar 400 funcionários. Com o fechamento do contrato com a Tyson, ele afirma que já recontratou 200 colaboradores e há perspectiva de continuar contratando. "A Tyson tem planos de crescimento, por isso, esse contrato também tem potencial de se expandir", acredita Kaefer.

 

A Globoaves é a maior fornecedora do País de ovos férteis. De acordo com levantamento da União Brasileira de Avicultura (UBA), referente 2007, a empresa subiu cinco posições e assumiu o 12º lugar entre os 50 maiores frigoríficos de frango do país com a produção das unidades de abate das unidades de Cascavel (PR), Espigão do Oeste (RO), Bariri (SP) e Viana (ES). A expectativa era a de que, com a finalização das obras de ampliação da produção dos frigoríficos de Espigão do Oeste (RO) e Bariri (SP), a empresa se posicionaria em 2008 entre os dez maiores frigoríficos brasileiros. Kaefer afirma que a empresa continua com ações de expansões de seu mercado comprador e inaugurou um escritório em Dubai, na Índia, que é ponto de apoio para negociar frango na Arábia Saudita e no Oriente Médio.

 

A Globoaves também desenvolve parceria em Moçambique, na África, para estimular a criação do frango colonial no país. No dia 20 de janeiro, a produção começou e a intenção é integrar, no médio e longo prazos, 32 mil famílias, cuja produção deve atender a Globoaves Moçambique, em Maputo, resultado de uma joint venture com o grupo moçambicano DHD, que atua no setor de comunicação e construção civil. O projeto inclui a transferência de conhecimentos e treinamentos sobre estrutura e manejo para a criação das aves.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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