Com a demanda internacional limitada pela crise e as compras russas, maior importador da carne bovina brasileira, em queda, os frigoríficos esperam que a missão da União Europeia que chegou ontem ao Brasil reduza o grau de exigência feita às indústrias e aos produtores interessados em vender ao bloco. Atualmente, as fazendas interessadas em ter o gado vendido para a Europa não podem ter nenhuma inconformidade dentro de uma lista de exigências feita pela Comunidade Europeia, que precisa ser integralmente cumprida.
O foco principal da missão, que fica no Brasil até o dia 2 de fevereiro, será as fazendas cadastradas no sistema Eras (Estabelecimentos Rurais Aprovados no Sisbov), que são certificadas pelo Ministério da Agricultura e habilitadas para terem seus animais abatidos para serem destinados à Europa. Atualmente, a lista aceita pelos europeus conta com 733 propriedades brasileiras.
Apesar de as atenções estarem voltadas para as fazendas, toda a cadeia deverá ser vistoriada, passando também pelos frigoríficos e chegando até o sistema de defesa agropecuário brasileiro. Ontem, os técnicos europeus estavam reunidos com a equipe da Secretaria de Defesa Agropecuária (SDA) para acertar os últimos detalhes do trabalho de campo, que começa amanhã. "Se a missão perceber que o sistema está funcionando sem grandes dificuldades pode ser que ocorra uma flexibilização, pelo menos essa é a nossa intenção", afirma Otávio Cançado, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec).
A redução na burocracia para atender a demanda europeia poderia fazer com que o número de fazendas habilitadas a exportar aumentasse de uma maneira mais rápida, de tal forma a elevar a disponibilidade de carne para os importadores do bloco. A União Europeia já foi o maior cliente do Brasil, mas suspendeu as exportações no final de 2007 e só voltou a importar em 2008, de uma lista de menos de 100 propriedades. Segundo dados da Abiec, os europeus importaram do Brasil no ano passado cerca de 100 mil toneladas de carne in natura. A expectativa do setor é de que em 2009 esse volume suba para algo entre 180 mil e 200 mil toneladas.
Veículo: DCI