Já em alta, carne suína tende a subir mais

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Após registrar uma alta de mais de 30% no acumulado do segundo semestre, a carne suína deve ficar ainda mais cara até o fim do ano, disse ontem o presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs), Rui Vargas.

Com os abates de suínos recuando no país desde meados de maio e a maior demanda típica das festas de fim de ano, a indústria terá conjuntura favorável para aumentar os preços, previu Vargas. Segundo ele, o percentual exato desse aumento dependerá da estratégia de cada indústria do setor. Mas o dirigente deu algumas pistas. "Se o pernil vai subir no fim do ano, posso deixar de vender em setembro", exemplificou ele.

A questão é que a oferta de suínos está "enxuta", conforme relatório divulgado ontem pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), vinculado à Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP). De acordo com o relatório, os preços mais baixos do suíno vivo no início do ano levaram o produtor a vender mais animais do que o inicialmente planejado para obter maior receita, ajudando a provocar a restrição de oferta neste segundo semestre.

Na avaliação do presidente da Abipecs, no entanto, a oferta "enxuta" deve-se a um surto de diarreia que atingiu leitões recém-nascidos entre o fim do ano passado e o início de 2013. "A mortalidade começou a subir e até se descobrir a causa demorou um pouco", explicou Vargas.

Segundo ele, o surto de diarreia, provocado por um vírus, é o principal fator para a redução da oferta de carne suína, mas não o único. A produção de suínos também sofreu com um verão e um inverno rigorosos, que prejudicou o ganho de peso dos animais, disse.

O presidente da Abipecs disse que a alta dos preços da carne suína esperada para o fim do ano pode ser maior ou menor, a depender do desempenho das exportações brasileiras. Hoje, a entidade estima que o Brasil exportará cerca de 50 mil toneladas de carne suína por mês no último trimestre do ano. As exportações representam em torno de 25% da produção nacional.

Nos últimos dois meses, os embarques de carne suína para o exterior decepcionaram. Em setembro, o Brasil exportou 45,9 mil toneladas do produto, queda de 23,9% ante o mesmo período do ano passado. Na mesma comparação, a receita com essas vendas totalizou US$ 123,6 milhões, retração de 21,5%, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) compilados pela Abipecs.

Diante dessa queda, provocada pela redução dos abates e por dificuldades de escoar a produção em uma das semanas de setembro, a entidade já se conformou em não atingir a meta de exportar 600 mil toneladas no ano. Agora, estimou Vargas, os embarques de carne suína deverão somar entre 540 mil e 550 mil toneladas em 2013, queda de pelo menos 5,4% ante as 581 mil toneladas comercializadas em 2012.

No acumulado do ano até setembro, as exportações brasileiras de carne suína somam 389,2 mil toneladas, redução de 9,09% ante o mesmo intervalo do ano passado. Na mesma comparação, a receita com os embarques de carne suína chegou a US$ 1,013 bilhão, queda de 6,8%. Segundo Vargas, a Ucrânia é a principal responsável pelo desempenho. Um dos três maiores compradores da carne brasileira, o país proibiu as compras do produto nacional entre março e maio.



Veículo: Valor Econômico


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