Carne é a vilã do IPCA

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Entressafra estendida pressionou o indicador, que fechou outubro em 0,57%. Em BH, item subiu 2,39% em um mês e tendência é de novas altas, em função da demanda ampliada no fim do ano


A inflação oficial do país, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), variou 0,57% em outubro, ante os 35% registrados em setembro. Em Belo Horizonte, o índice fechou o mês passado com alta de 0,42%, também acima do 0,30% de setembro. Com a alta, o acumulado em 12 meses ficou em 5,84% no país e 5,50% em BH, acima do centro da meta inflacionária do governo, de 4,5%, mas ainda dentro do limite aceitável de até 6,5%. Tanto no país quanto na capital mineira, o ranking dos principais impactos foi liderado pelo item carnes, que aumentou 3,17% e 2,39%, respectivamente. Entre as principais justificativas, entressafra longa, altos custos de produção e seca no pasto, que resultaram numa oferta menor de animais para abatedouros e frigoríficos.


No país, a alta de 1,03% no grupo alimentos respondeu por quase metade da inflação de outubro. Além do frango inteiro, que teve alta de 3,44%, do frango em pedaços, que subiu 2,48%, e das carnes industrializadas, 2,23% mais caras, outros alimentos importantes na mesa do consumidor subiram. O tomate ficou 18,65% mais caro, a farinha de trigo, 3,75%, e as frutas 2%. Os transportes, com variação de 0,17%, também pressionaram o índice.


Em Minas, o grupo alimentação e bebidas passou de 0,17% em setembro para 0,93% em outubro. O subgrupo alimentação no domicílio variou 0,94%, enquanto alimentação fora do domicílio aumentou 0,90%. Entre os 15 subitens de maior peso na alimentação no domicílio, 12 ficaram mais caros e três mais baratos. A alcatra subiu 3,30%, carne de porco 1,13% e o frango inteiro 2,43%. O tomate voltou a assustar com alta de 14,09% e o quiabo 21,27%. Entre os alimentos que registraram queda estão a cenoura (-15,11%), a cebola (-13,77%) e o feijão carioca (-10,05%).


Segundo pesquisa do site Mercado Mineiro, coxa e sobrecocoxa de frango subiram 15,74% em Belo Horizonte entre outubro de 2012 e o mês passado, com o quilo passando de R$ 4,53 para R$ 5,17. O preço médio do quilo de contra-filé saltou de R$ 18,33 para R$ 19,03 no mesmo período, alta de 3,82%. Já o lombo inteiro apresentou a segunda maior elevação (14,73%) em um ano, com preço passando de R$ 11,68 para R$ 13,40.


O vestuário também apimentou o IPCA em BH. Com destaque para roupas femininas, com aumento de 1,70%, roupa infantil, 1,26% e joias e bijuterias com 1,23%.


De acordo com o analista do IBGE em Minas, Antonio Braz, embora dos grupos alimentos e vestuário pressionem a inflação, esse movimento não pode ser considerado anormal para o período. “O vestuário sente os reflexos da troca de estações e do fato de os lojistas trocarem seus estoques com vistas ao Natal”, comenta. No caso da alimentação, os resultados dependem do clima. “A alta já era esperada, conforme mostra o dado histórico (veja quadro). A carne sempre sobe nesta época do ano”, acrescenta.

ESTIAGEM
A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline de Freitas Veloso, explica que fatores isolados justificam a alta nos preços dos alimentos. No caso dos cortes bovinos, o principal problema, segundo ela, foi a escassez na pastagem, que resultou na menor oferta para abate. “Até dezembro é esperado que os abates fiquem suprimidos, fazendo com que o preço da arroba pago ao produtor se sustente em patamares altos e, com isso, o consumidor também paga mais”, afirma.
Já a alta sentida nos cortes suínos e de aves, segundo Aline, pode ser explicada pelo alto custo de produção. “No caso dos suínos, houve abate maior das matrizes em 2012, o que se refletiu numa oferta menor este ano. Além disso, houve aumento das exportações da carne in natura, o que também influenciou os valores internos”, comenta. “As aves repetem a situação dos suínos com relação aos custos e exportações e, além disso, elas serão muito demandadas de agora até o Natal, o que pode fazer com que os preços permaneçam em alta”, reforça.



Veículo: Estado de Minas


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