Abiec já vê indícios de recuperação no mercado

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Os exportadores de carne bovina do Brasil amargaram em janeiro o pior resultado mensal em vários anos, com o setor aparecendo como um dos mais afetados pela crise de crédito entre os que compõem o agronegócio. Mas a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec) vê indícios de uma recuperação dos embarques.

 

O diretor executivo da Abiec, Otávio Cançado, explicou que os frigoríficos de bovinos, em especial, utilizam bastante os ACCs (Adiantamento sobre Contrato de Câmbio) como capital de giro em suas operações. Com a crise, o financiamento via ACC continua muito mais caro e seletivo.

 

"Falta crédito para financiar a exportação e também falta crédito para o importador", disse. Cançado lembrou que também no exterior os compradores enfrentam dificuldades para financiar seus negócios.

 

As exportações de carne bovina in natura do Brasil, o maior exportador mundial, caíram em janeiro 38 por cento em volumes, para 56,6 mil toneladas, na comparação com o mesmo mês do ano passado, e em receita despencaram 54 por cento, para 168 milhões de dólares.

 

Esse volume mensal exportado de carne in natura em janeiro foi o mais baixo desde agosto de 2005, pelo menos, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior obtidos pela Reuters. A associação não forneceu comparações para além dessa data.

 

Já os embarques de carne industrializada, segundo a Abiec, caíram em janeiro 30 por cento, para 13 mil toneladas, e em valores tiveram redução de 21 por cento, para 54,7 milhões de dólares.

 

Esses valores contrastam com o resultado obtido há apenas alguns meses, antes de a crise se refletir efetivamente nos embarques. Em outubro de 2008, a Abiec registrou um recorde de exportações de 549 milhões de dólares.

 

A queda drástica nas exportações em relação aos melhores meses de 2008 pode ser explicada também por outras questões. Segundo o diretor-executivo, muitos países reduziram as exportações porque buscaram queimar estoques. "Estoque também é custo. Ele (importador) precisa de financiamento e começou a queimar estoques".

 

Alento

 

Justamente pelo fato de os estoques estarem sendo reduzidos nos países importadores, a Abiec já começou a notar uma ligeira recuperação das exportações brasileiras.

 

Apesar do resultado geral ruim em janeiro, a associação registrou um aumento nas vendas para a Rússia, tradicionalmente o principal destino da carne brasileira.

 

Em relação a dezembro, um mês também crítico para o setor, as exportações para a Rússia aumentaram 20,2 por cento, em valor, ou cerca de 7 milhões de dólares. Em volumes, os embarques subiram 33 por cento, ou 5,3 mil toneladas, segundo o executivo.

 

"O mercado está reagindo, e o primeiro a mostrar isso foi a Rússia, e é natural que seja Rússia porque teve quedas e problemas acentuados".

 

A Rússia comprou mais de meio milhão de toneladas de carne do Brasil em 2008, praticamente um quarto dos embarques totais do país, ou 1,4 bilhão de dólares .

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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