Por R$ 1,4 bilhão, novo sócio assumiria o controle da Sadia

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Depois de ver seu valor de mercado sair do patamar de R$ 8,3 bilhões em maio de 2008 para os atuais R$ 2,6 bilhões, a Sadia hoje negocia com dificuldade a entrada de um novo sócio em condições que não signifique a perda de controle acionário da família. Mas, se hoje a companhia recebesse R$ 1,4 bilhão - que é menos do que a empresa deve ter de perdas financeiras (R$ 2,3 bilhões) - com a venda de ações ordinárias, as famílias controladoras perderiam o controle, reduzindo a sua participação para 39%, delegando ao novo sócio 48% do negócio.

 

Essa preocupação existe hoje por que a companhia está no limite da emissão de ações preferenciais, sem direito a voto. Do total de papéis no mercado (683 milhões), 426 milhões são de preferenciais, bem próximo do limite de dois terços permitido (455,3 milhões de ações).

 

O cálculo do impacto da entrada de um sócio na participação acionária, feito por analistas de mercado, considera a compra dos papéis a R$ 6 por ação (ontem as ordinárias fecharam em R$ 5,14). No entanto, desconsidera que o novo sócio em questão - especula-se sobre a entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) - pode não querer sentar na cadeira e dar ordens. "Dificilmente o BNDES vai querer entrar para gerir a empresa. No máximo pode exigir mais rigor no controle financeiro", avalia Peter Ping Ho, da Corretora Planner. Ele acredita que depois que a empresa tiver sanada financeiramente, o banco vai querer pulverizar essas ações no mercado", aposta. Para garantir que não haverá mudança de controle, pode até haver alteração de estatuto, acordada pelo conselho, na avaliação de Ping Ho.

 

Para um outro especialista, a tendência é de que o BNDES estruture a operação de forma semelhante como fez no caso da aquisição da Votorantim, Papel e Celulose (VCP) pela Aracruz, na qual parte do capital entrou como debêntures conversíveis em ações.

 

No entanto, o especialista pondera que a decisão do presidente do conselho de administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, de deixar a negociação para o próximo semestre, quando acredita que a empresa estará em condições mais vantajosas para negociar, pode, na realidade, estar ligada ao fato de ser difícil negociar enquanto se tem ainda exposição líquida em contratos de derivativos cambiais em um ambiente econômico extremamente imprevisível, como é o atual. "Se o dólar voltar a subir muito. Atualmente no patamar de R$ 2,30, o câmbio hoje é alvo de previsões de que pode encerrar o ano de 2009 em R$ 2,50, segundo estimativa da RC Consultores. Por outro lado, o novo anúncio de injeção de US$ 1,5 trilhão na economia pelo governo americano deve afetar para baixo o valor da moeda americana nos demais países, como o Brasil, na avaliação de Ping Ho, da Planner, que prevê um câmbio médio estável em R$ 2,30 para 2009. "Há perspectivas de que do terceiro para o quatro trimestre as exportações vão inverter a queda".

 

Mas o economista Fábio Silveira, da RC Consultores, pondera que até o momento não há indicador econômico importante na economia americana, como queda do desemprego, que aponte melhora no cenário econômico até o final do ano. "O que se há até agora é fé. Não temos nenhum sinal concreto".

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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