Aurora Alimentos foi a empresa brasileira responsável pela primeira venda e fez um ato para marcar saída da primeira carga
A qualidade da carne suína de Santa Catarina conquistou um dos mercados mais exigentes do mundo, os Estados Unidos. O primeiro contêiner com 25 toneladas de carne suína, principalmente cortes com osso, como costela, costelinha e carré, saíram nesta quarta-feira de Chapecó com destino ao Porto de Itajaí, onde será embarcada com destino ao porto Everglades, na Flórida.
A saída da carga foi marcada por fogos de artifício e uma solenidade com a presença de autoridades. A Aurora Alimentos foi a primeira empresa a exportar. Um segundo contêiner com cortes especiais deve ser embarcado ainda neste ano.
A busca do mercado norte- americano foi um trabalho de vários anos. De acordo com o fiscal federal agropecuário Leonardo Domingues, o primeiro passo foi a conquista do Certificado de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação, título que somente Santa Catarina detém no Brasil.
Depois disso foi que iniciou a busca pelo mercado norte-americano.
— Faz uns quatro anos que estávamos buscando — disse o diretor de agropecuária da Aurora, Marcos Zordan.
Para o gerente do Frigorífico Aurora Chapecó 1, unidade autorizada a exportar, a exportação tem que ser comemorada pois as exigências norte-americanas são muito grandes, desde a rastreabilidade até processos de alto controle na higienização e controle da produção.
— Foram onze auditorias até que conseguíssemos a liberação — informou.
O vice-presidente da Aurora, Neivor Canton, disse que a conquista deste mercado tão exigente mostra a qualidade da produção de Santa Catarina, que no ano passado abriu o mercado japonês.
— Quando a gente consegue uma vitória como hoje quer compartilhar, o suíno catarinense é globalizado — comparou.
Somente a Aurora já exporta para mais de 60 países. Canton disse que os Estados Unidos são o maior exportador do produto, com 1,2 milhão de toneladas/ano, mas ao mesmo tempo importam 400 mil toneladas, principalmente de costela, que é um produto muito apreciado na Terra do Tio Sam.
A Aurora começa com dois contêineres, com 25 toneladas cada, estimados em US$ 100 mil (o número oficial não foi divulgado).
A exportação para o Japão também começou pequena mas neste ano já atingiu 900 toneladas. O embarque também foi comemorado pelo presidente da Associação Catarinense dos Criadores de Suínos, Losivânio Di Lorenzi.
— Ela mostra a evolução da suinocultura catarinense ao entrar num país que é referência em carne suína — explicou.
As próximas metas agora são atingir a Coreia do Sul e a União Européia.
— Só não chegamos lá ainda por protecionismo dos produtores europeus — avaliou Canton.
O vice-presidente da Aurora disse que agora os produtores catarinense estão colhendo os frutos de um árduo trabalho. Só alertou a necessidade de manter os cuidados para manter Santa Catarina como uma referência em sanidade animal, o que tem aberto portas de mercados exigentes e que remuneram melhor.
Exigências dos Estados Unidos
::: Rastreabilidade: todo o processo precisa ser rastreado, desde a propriedade até a industrialização. Em cada caixa de produto é possível saber de que propriedade saiu o suíno que forneceu a carne. Um softwares foi desenvolvido para acompanhar todo o processo onde os dados precisam ser alimentados em cada etapa.
::: Os suínos precisam ser nascidos em criados em Santa Catarina
::: Higienização: os Estados Unidos tem exigência maior de análises microbiológicos. Para se ter uma ideia há funcionários treinados para verificar a higienização das máquinas com uma lanterna. Após a higienização é passado um pano e este pano vai para análise para verificar se o processo foi bem feito. Esse processo é registrado.
::: Programas de Controle de Qualidade- Como os Estados Unidos foram os criadores dos processos de qualidade (HACCP) eles exigem alto controle de todas as etapas
::: Não pode ter resíduos de medicamentos
::: Santa Catarina precisa manter o Certificado de Zona Livre de Aftosa Sem Vacinação
::: Santa Catarina precisa estar livre da Peste Suína Clássica
::: Os trabalhadores da indústria não podem ter contato com pessoas de outras áreas do frigorífico durante o trabalho.
::: A planta frigorífica passou por 11 vistorias
::: A cada dois meses um supervisor do Governo Norte Americano vem vistoriar os processos.
Veículo: Diário de Santa Catarina