Após efeito Rússia, segmento de proteína animal mantêm otimismo para 2015 com expectativa de expansão de vendas no mercado externo e elevação no País em substituição à carne bovina
Com o fim de um ano marcado pela disparada na receita de exportações de aves e suínos, puxada pela demanda russa, o setor de proteína animal aposta na China e no aumento do consumo doméstico para atingir o crescimento estimado entre 2% e 4% em 2015.
Projeções da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA) indicam que as vendas de frango para o mercado internacional devem encerrar 2014 com o volume de 3,99 milhões de toneladas, faturamento de US$ 7,94 bilhões. No suíno, os embarques devem somar 505 mil toneladas, US$ 1,7 bilhões.
"Mesmo depois do restabelecimento das relações comerciais entre Rússia e Estados Unidos, o Brasil vai continuar sendo uma opção forte por ter atendido bem o país e não ter explorado preços de venda ainda maiores, que chegaram a ser oferecidos em troca de embarques mais rápidos", explica o presidente da ABPA, Francisco Turra.
Consciente da instabilidade comercial da Rússia, o setor já traça rotas alternativas para a manutenção do crescimento.
Para o vice-presidente de suínos da associação, Rui Vargas, a previsão para o segmento é que o otimismo deste ano se repita. "Não sabemos se a performance da Rússia vai se repetir, mas estamos trabalhando com força na reabertura dos mercados da África do Sul e Coreia do Sul, entrada na Austrália e Canadá, e expansão na China e Japão, além do recente experimento para os Estados Unidos", destaca.
De acordo com Vargas, a suinocultura deve crescer entre 2% e 3% em 2015 sem ganho de produção, apenas incremento em produtividade na engorda dos animais, principalmente, através de genética. Vale lembrar que o setor atravessou 2014 com uma relação estreita entre oferta e demanda, fato que reduziu o volume de exportações e rendeu nível recorde de preços.
Em relação à avicultura, Turra ressalta a habilitação de cinco plantas de frango na China e a previsão de outras oito para o ano que vem, que somariam 36 plantas no gigante asiático e cada uma representa de oito a dez toneladas exportadas.
"Esperamos um avanço entre 2,3% e 3% para 2014 e de 3% a 4% em 2015 galgado nestas novas habilitações previstas para a China. Se houver a confirmação, o país seria o melhor mercado para o segmento, ao lado da Rússia. No México o fluxo já está estabelecido e pode haver surpresas na Índia e Indonésia", acrescenta o vice-presidente de aves, Ricardo Santin.
Mercado interno
Além do comércio internacional, Santin vê o mercado doméstico como um grande motor. "Acreditamos que vamos conseguir aumentar o consumo per capita de frango em substituição ao bovino", diz.
Atualmente, cada brasileiro consome entre 42,8 e 43 quilos de frango e cerca de 14,6 quilos de carne suína. Na avicultura houve ganho de um quilo neste ano e no suíno a meta é atingir 15 quilos per capita.
Na avaliação do presidente da ABPA, alguns dos motivos que travaram o aumento de consumo foram o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) e os preços elevados que foram praticados por toda a cadeia de carnes.
Nas duas culturas, a produção está concentrada no eixo Centro-Sul. Entre os meses de janeiro e novembro, o frango paranaense - líder entre os estados - respondeu por 32,18% dos embarques, seguido por Santa Catarina, com 24,5%, e Rio Grande do Sul, com 18,27%. Já no suíno, o maior produtor é Santa Catarina, que representou 41,6% das exportações no período, em seguida está o Rio Grande do Sul, com 26%, e Goiás, com 9,3%, próximo do Paraná, que correspondeu a 9,1% das vendas.
Veículo: DCI