Brasil mantém aporte de R$ 1 bi em pesca

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O Brasil levará adiante um programa de R$ 1 bilhão para a expansão do setor pesqueiro, apesar da crise econômica, sinalizou o ministro da Pesca, Altemir Gregolin, em encontro internacional em Roma. Representantes de 80 países se reúnem desde ontem na Agência das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) para discutir o impacto da mudança climática nas espécies marinhas e na aquicultura. 

 

Segundo a FAO, a aquicultura já é responsável por quase metade todo o pescado consumido no mundo. Estima que a que a produção por cativeiro deveria dobrar, a fim de evitar a devastação dos estoques marinhos e atender demanda em crescimento. 
A agência da ONU defende que os amadores do pescado passem a consumir espécies mais "vegetarianas", como tilápias e carpas originárias das fazendas de produção, como forma de proteger as espécies dos mares ameaçadas de extinção. 

 

Mas organizações ambientais dizem que a FAO deveria encorajar mais pessoas a seguir outros tipos de dieta, ao invés de consumir outros peixes. Além disso, há preocupações sobre a poluição de águas nas fazendas de pescado com antibióticos e hormônios que escapam dessas areas, e a contaminação de peixes em áreas naturais. 

 

Globalmente, a produção de pescado bateu recorde em 2006 (a cifra mais recente) com 143,6 milhoes de toneladas, das quais 92 milhões de toneladas foram pesca de captura, 52 milhões de toneladas vindo da aquacultura. Desse total, 110,4 milhões de toneladas foram destinadas à alimentação, e o resto para alimentar animais ou farinha de peixe para aquacultura. 

 

Segundo a FAO, 19% dos principais estoques de pesca marinha comercial estão superexploradas, 8% se esgotaram e 1% em vias de reconstituição. Outros 20% estão na categoria de "moderadamente explorados ou subexplorados", sobretudo no Atlântico da América do Norte, oeste do Oceano Índico e no Pacífico. 

 

A entidade aponta o excesso de capacidade (um número exagerado de navios com tecnologias de alta tecnologia) como o problema principal afetando a pesca hoje. A frota mundial é de 2,1 milhões de navios, a grande maioria com menos de 12 metros, e outros 23 mil são grandes. 

 

O consumo aumenta também na América Latina. Até 2015 o consumo de peixes na região poderá aumentar 20%, o que significa cerca de 1,2 milhão de toneladas a mais por ano do que em 2005. Os latino-americanos vão consumir um pouco mais de pescado e menos carne vermelha, o que deve resultar em ligeiro aumento de preços. 

 

No Brasil, segundo Gregolin, os supermercados registram alta de 15% por ano nas vendas de pescado desde 2006. O país teve que importar 209 mil toneladas de pescado e só exportou 36 mil toneladas no ano passado. 

 

A expectativa é de que o consumo pule de sete quilos para nove quilos por habitante em um horizonte de três anos. Nesse cenário, o ministro afirmou que o governo vai impulsionar seu plano para aumentar a produção em 35% até 2011 e alcançar 1,4 milhão de toneladas de pescado. 

 

Para isso, o governo vai ceder este ano mais 10 reservatórios de hidrelétricas e fazendas marinhas nas costas de quatro Estados - Santa Catarina, Rio de Janeiro, São Paulo e Bahia - para produção familiar e empresas. 

 

A Secretaria Especial da Pesca vai ampliar também o financiamento do Profrota, para modernização agora de toda a frota pesqueira, e não apenas dos barcos maiores para pesca oceânica. 

 

Gregolin assinou na FAO um acordo pelo qual o Brasil se compromete a respeitar as regras de pesca em águas além de suas 200 milhas, e não captar espécies proibidas, por exemplo. 

 

Para a FAO, isso é ainda mais importante com a mudança climática, em que as espécies de águas mais quentes de deslocaram para os polos ao verem o tamanho e a produtividade de seus habitat se transformarem. A mudança climática afeta os períodos de estação dos processos biológicos e empobrece os ecossistemas marinhos, segundo a FAO. 

 

O pescado assegura 15% de aporte de proteínas médias de origem animal por habitante para mais de 2,9 bilhões de pessoas, diz a FAO. A receita de exportações por países em desenvolvimento chega a US$ 24,6 bilhões. 

 

Veículo: Valor Econômico


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