A maioria das espécies de peixes comercializados em Belém teve alta de preços no ano passado e no mês de dezembro. A pesquisa realizada pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese/PA) em conjunto com a Secretaria Municipal de Economia de Belém (Secon) no final do ano passado demonstrou que das 32 espécies pesquisadas 22 apresentaram aumentos. No mês de dezembro de 2015, a maioria dos pescados apresentou elevação de preços. Os aumentos mais expressivos foram da pirapema com 35,89%, do pacu com 17,17%, do aracu (14,68%), do tucunaré (10,76%), do surubim (9,81%), do filhote (9,35%) e do curimatã (9,23%). As outras espécies tiveram quedas de preços, com destaque para o apajari, com queda de 15,65%, seguido do cangatá (-12,50%), do cação (-10,00%), do camurim (-7,31%) e do peixe pedra (-6,93%).
Segundo o peixeiro João Gomes, 72 anos, que vende diversas espécies na Feira da 25 de Setembro, não há mais condições de negociar com os clientes. Ele relata que sentiu o aumento dos preços. “Vai aumentar porque agora em janeiro já começa a aparecer menos peixe. Falam que está muito caro. Não tinha dourada por exemplo. Agora não tem como dar desconto”, falou. A gó está a R$ 15 e a dourada a R$ 7 o quilo.
A família de Ana Paula Duarte, 28 anos, e Nelcir Santos, 79, ainda consegue comer pescado, mas somente nos finais de semana. Ela nota uma diferença de preços entre os locais de compra. “É um absurdo o que a gente vê aqui, na feira da Terra Firme está mais barato. Só que infelizmente não podemos ir todo dia lá”, disse Ana Paula. Já para Nelcir, além dos aumentos do pescado, a inflação de outros artigos pesa na mesa da população. “Agora o feijão está mais caro, e tivemos aumento de água, energia elétrica e outros. Fica muito difícil”, reclamou.
No acumulado do ano, nove espécies tiveram reajustes acima da inflação oficial calculada em 11,28% (INPC/IBGE) para o mesmo período. Nos doze meses do ano passado, os maiores reajustes de preços foram verificados no quilo da piramutaba (21,09%), do xaréu (18,93%), da sarda (17,17%), do surubim (16,22%); do tamuatá (15,73%), do cachorro de padre (14,30%), do mero (14,29%), do aracu (13,41%) e do camurim (11,67%). Poucos tipos tiveram recuos, incluindo o cangatá (-30,00%), a traíra (-29,31%), o peixe pedra (-13,71%), a pirapema (-7,37%) e o apajari (-6,86%).
Na análise do Dieese/PA, até a Semana Santa o cenário não será bom para os consumidores paraenses. A tendência é de mais aumentos no preço do pescado comercializado não só na Região Metropolitana de Belém (RMB), mas em todo o Pará. Ainda na avaliação do Dieese/PA, mesmo com alguns avanços, o Estado do Pará ainda carece de uma política mais ampla para abranger toda a cadeia do pescado, da produção até a comercialização. Entre o pescador e o consumidor o preço da maioria dos tipos de pescado comercializado no Estado mais do que dobra de preço, o que prejudica uma grande parcela da população.
Em função das altas no preço do pescado verificadas em 2015 e do cenário para o primeiro trimestre de 2016, deverá ocorrer ainda esta semana, a primeira reunião com foco no abastecimento do pescado durante a Semana Santa envolvendo a Secon, o Dieese e a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e de Pesca (Sedap).
Veículo: Jornal O Liberal - PA