Aposta no setor é no aumento da produtividade.
Após um ano de resultados favoráveis, a suinocultura de Minas Gerais deve manter a cautela em 2016. A insegurança em relação aos rumos da economia nacional, fará com que os empresários segurem os investimentos e aprimorem ainda mais a gestão. A tendência é que a produção de carne suína cresça apenas em produtividade, já que a ideia é que o rebanho de matrizes fique estável. O grande desafio para as granjas será o aumento dos custos de produção em um momento em que reajustes de preços do suíno são inviabilizados pela queda do poder de compra das famílias.
Para o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, ao longo de 2016, os suinocultores devem avaliar bem o mercado e as condições da produção antes de tomar decisões. Os investimentos devem ser bem pensados e feitos somente no que for extremamente necessário.
“A expectativa em relação a este ano é muito grande e vamos tentar trabalhar o mais seguro possível. Será um ano em que não poderemos dar um passo maior que as pernas. Também será necessário adaptar nossa produção à nova realidade do País. Estamos apreensivos, mas não pessimistas. A orientação para os suinocultores é que os investimentos sejam feitos somente no que for necessário. Os empresários também precisam aprimorar a gestão e controlar as dívidas, que podem ser alavancadas conforme os rumos que a economia tomar em 2016. A insegurança em relação à economia é muito grande, diferente do que foi no início de 2015”, avalia.
Eficiência - Ainda segundo Cardoso Penna, os empresários ao longo deste ano devem priorizar a gestão e a eficiência, ações que garantirão um melhor controle dos custos, uso correto dos insumos e ampliação da produtividade do rebanho. “Com a instabilidade econômica vamos ampliar a produção de carne através da eficiência produtiva. A manutenção do número de matrizes é uma segurança a mais para os suinocultores, caso o mercado para o produto se torne desfavorável. Aumentar a produtividade será o ideal e uso eficiente dos recursos, seja dos materiais utilizados, das instalações, da genética ou do pessoal empregado, permitirá que o empresário usufrua de melhores resultados”, recomenda.
A melhor eficiência também será fundamental para que o aumento dos custos não inviabilize a atividade. De acordo com Cardoso Penna, o custo de produção do quilo do suíno vivo, que em meados de outubro estava em torno de R$ 3,8, alcançou nos dias atuais R$ 4,2. A alta foi provocada pelo aumento dos preços de insumos importados, que ficaram mais caros com a desvalorização do real frente ao dólar, e à maior exportação de grãos, principalmente milho e soja, o que limitou a oferta interna.
Para se ter ideia, a tonelada da soja que em outubro era adquirida pelos suinocultores em torno de R$ 950 passou para R$ 1.400, alta de 47,3%. No caso do milho, o quilo está cotado hoje em R$ 40, ante o valor de R$ 33 praticado em outubro, variação positiva de 21,2%.
Em relação aos preços pagos pelo suíno vivo, a expectativa da Asemg é que os valores fiquem próximos ao praticado atualmente, R$ 4,4 pelo quilo do animal vivo. O preço é considerado suficiente para cobrir os custos de produção, garantir margem para que o suinocultor permaneça na atividade e acessível ao consumidor.
“Não podemos pensar em preços muito altos porque a renda da população está menor e o desemprego em alta e não existe expectativa de melhora da situação. Precisamos agir com cautela para não afetar o consumo. Se mantivermos os preços atuais será bom para todos, já que é suficiente para manter o suinocultor na atividade e acessível ao consumidor”, explicou Cardoso Penna.
Embarques - Com o dólar valorizado, a carne suína de Minas Gerais está com preços mais competitivos no mercado internacional, o que poderá ser favorável para a retomada das exportações, que tiveram queda significativa em 2015.
De acordo com os últimos dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e novembro de 2015, Minas Gerais exportou 12,3 mil toneladas de carne suína, queda de 68,32%. A retração se deve ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, principais compradores do produto mineiro que reduziram as aquisições.
“Com o dólar mais elevado, a carne suína se torna altamente competitiva e poderemos recuperar os volumes exportados. As negociações com o mercado internacional são importantes para o setor, uma vez que é o grande regulador da oferta no mercado interno”, disse Cardoso Penna.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG