Com cenário incerto, suinocultor mineiro deve adiar aportes

Leia em 4min

                                                                                          Aposta no setor é no aumento da produtividade.

Após um ano de resultados favoráveis, a suinocultura de Minas Gerais deve manter a cautela em 2016. A insegurança em relação aos rumos da economia nacional, fará com que os empresários segurem os investimentos e aprimorem ainda mais a gestão. A tendência é que a produção de carne suína cresça apenas em produtividade, já que a ideia é que o rebanho de matrizes fique estável. O grande desafio para as granjas será o aumento dos custos de produção em um momento em que reajustes de preços do suíno são inviabilizados pela queda do poder de compra das famílias.
 
Para o vice-presidente da Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), José Arnaldo Cardoso Penna, ao longo de 2016, os suinocultores devem avaliar bem o mercado e as condições da produção antes de tomar decisões. Os investimentos devem ser bem pensados e feitos somente no que for extremamente necessário.
 
“A expectativa em relação a este ano é muito grande e vamos tentar trabalhar o mais seguro possível. Será um ano em que não poderemos dar um passo maior que as pernas. Também será necessário adaptar nossa produção à nova realidade do País. Estamos apreensivos, mas não pessimistas. A orientação para os suinocultores é que os investimentos sejam feitos somente no que for necessário. Os empresários também precisam aprimorar a gestão e controlar as dívidas, que podem ser alavancadas conforme os rumos que a economia tomar em 2016. A insegurança em relação à economia é muito grande, diferente do que foi no início de 2015”, avalia.
 
Eficiência - Ainda segundo Cardoso Penna, os empresários ao longo deste ano devem priorizar a gestão e a eficiência, ações que garantirão um melhor controle dos custos, uso correto dos insumos e ampliação da produtividade do rebanho. “Com a instabilidade econômica vamos ampliar a produção de carne através da eficiência produtiva. A manutenção do número de matrizes é uma segurança a mais para os suinocultores, caso o mercado para o produto se torne desfavorável. Aumentar a produtividade será o ideal e uso eficiente dos recursos, seja dos materiais utilizados, das instalações, da genética ou do pessoal empregado, permitirá que o empresário usufrua de melhores resultados”, recomenda.
 
A melhor eficiência também será fundamental para que o aumento dos custos não inviabilize a atividade. De acordo com Cardoso Penna, o custo de produção do quilo do suíno vivo, que em meados de outubro estava em torno de R$ 3,8, alcançou nos dias atuais R$ 4,2. A alta foi provocada pelo aumento dos preços de insumos importados, que ficaram mais caros com a desvalorização do real frente ao dólar, e à maior exportação de grãos, principalmente milho e soja, o que limitou a oferta interna.
 
Para se ter ideia, a tonelada da soja que em outubro era adquirida pelos suinocultores em torno de R$ 950 passou para R$ 1.400, alta de 47,3%. No caso do milho, o quilo está cotado hoje em R$ 40, ante o valor de R$ 33 praticado em outubro, variação positiva de 21,2%.
 
Em relação aos preços pagos pelo suíno vivo, a expectativa da Asemg é que os valores fiquem próximos ao praticado atualmente, R$ 4,4 pelo quilo do animal vivo. O preço é considerado suficiente para cobrir os custos de produção, garantir margem para que o suinocultor permaneça na atividade e acessível ao consumidor.
 
“Não podemos pensar em preços muito altos porque a renda da população está menor e o desemprego em alta e não existe expectativa de melhora da situação. Precisamos agir com cautela para não afetar o consumo. Se mantivermos os preços atuais será bom para todos, já que é suficiente para manter o suinocultor na atividade e acessível ao consumidor”, explicou Cardoso Penna.
 
Embarques - Com o dólar valorizado, a carne suína de Minas Gerais está com preços mais competitivos no mercado internacional, o que poderá ser favorável para a retomada das exportações, que tiveram queda significativa em 2015.
 
De acordo com os últimos dados da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), entre janeiro e novembro de 2015, Minas Gerais exportou 12,3 mil toneladas de carne suína, queda de 68,32%. A retração se deve ao conflito entre a Rússia e a Ucrânia, principais compradores do produto mineiro que reduziram as aquisições.
 
“Com o dólar mais elevado, a carne suína se torna altamente competitiva e poderemos recuperar os volumes exportados. As negociações com o mercado internacional são importantes para o setor, uma vez que é o grande regulador da oferta no mercado interno”, disse Cardoso Penna.

 


 
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


Veja também

Margem de comercialização dos frigoríficos atinge maior patamar

A margem de comercialização do Equivalente Scot Desossa em relação ao preço pago pelo...

Veja mais
Fundo árabe Salic compra 20% do frigorífico Minerva por R$ 746 milhões

Gestora, que pertence ao rei da Arábia Saudita, é especializada em investimentos em agronegócios e ...

Veja mais
Preço do bacalhau tem aumento de 22% para o Natal 2015

                    ...

Veja mais
Mais barato que outras carnes, frango deve ser opção para ceia

A imagem da família à mesa, ansiosa, esperando pelo peru de Natal, ave mais tradicional da ceia, est&aacut...

Veja mais
Preço do frango valoriza em mais de 30% dentro de um ano

Valorização do mercado em São Paulo tem origem no desempenho brasileiro nas exportaçõ...

Veja mais
Venda de carnes natalinas deve ficar estável

No embalo das festas de Natal e Réveillon, dezembro costuma impactar positivamente no setor de carnes. As ind&uac...

Veja mais
Mercado de frango opera em estabilidade

O mercado brasileiro de carne de frango teve, na semana passada, preços praticamente inalterados para o quilo viv...

Veja mais
Abate de frangos e suínos é recorde

Os abates de frangos e suínos bateram recorde no Brasil no terceiro trimestre de 2015, enquanto o abate de bovino...

Veja mais
Final de ano registra consumo de carne bovina abaixo do esperado

                    ...

Veja mais