Sadia estuda vender unidade de bovinos em MT

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Além de avaliar a venda da fábrica de Kaliningrado, na Rússia, a Sadia também estuda se desfazer de sua unidade de abate de bovinos, localizada em Várzea Grande (MT), apurou o Valor. Com a venda desses ativos, a empresa, que assumiu perdas com derivativos cambiais em setembro do ano passado, busca se capitalizar e recompor o caixa.

 

A decisão de vender os dois ativos mostra que a intenção da Sadia neste momento é deixar negócios em que vem encontrando dificuldades ou que não fazem parte do "core business".

 
 
Na Rússia, por exemplo, a Sadia enfrenta a deterioração do mercado por causa da crise financeira internacional, além de um relacionamento difícil com o sócio local, a Miratorg. A Sadia tem 60% do capital da operação russa e a opção natural seria vender a participação para o sócio da fábrica de processados de carnes (empanados e embutidos). Mas, conforme apurou o Valor, a Sadia chegou a oferecer o ativo na Rússia e também a fábrica de Várzea Grande para a JBS-Friboi. Esta, porém, finaliza a construção de uma fábrica em Moscou em parceria com a italiana Inalca.

 

Conforme apurou a reportagem, a avaliação da Sadia é de que é possível atender o mercado russo sem fábrica no país. No caso da operação de carne bovina, que não é o foco da empresa, o segmento vive uma crise agravada pela turbulência financeira internacional.

 

A prioridade para a Sadia continua sendo a venda de ativos não operacionais, segundo apurou o Valor, mas a venda de ativos mais velhos e menos eficientes - além da unidade russa e do negócio de bovinos - não está descartada para que a companhia consiga se capitalizar.

 

Ao mesmo tempo em que estuda a venda de ativos, a empresa prepara-se para inaugurar na segunda-feira a fábrica de Vitória de Santo Antão (PE), que vai produzir processados de carne. De acordo com fontes no Estado, a Sadia até pensou em desistir do negócio por causa das dificuldades financeiras, mas foi convencida a mantê-lo após conversas com o governo pernambucano, que ajudou a empresa a obter um empréstimo com o Banco do Nordeste.

 

Fonte da instituição confirmou que a fábrica pernambucana de fato quase não sai, mas que o governo estadual acelerou um empréstimo-ponte cedido pelo próprio Banco do Nordeste para que ela vingasse. A obra está avaliado em cerca de R$ 300 milhões, e mais de R$ 200 milhões virão por meio de financiamentos. A Sadia também obteve como incentivo para investir no Estado crédito de até 90% de ICMS.

 

Ainda assim, o que entra em operação na próxima segunda-feira, em evento que contará com a presença do presidente Lula, é apenas o processamento da mortadela - ou seja, só uma das etapas da fábrica.
 


Veículo: Valor Econômico


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