Peixarias podem ter prejuízos por falta do produto

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Nem crise econômica, nem retração da renda familiar. A maior preocupação dos comerciantes da Praça do Peixe, localizado no bairro Bonfim, região Noroeste da Capital, é com a escassez do produto, que sumiu do mercado por razões climáticas. Caso a situação se resolva, os revendedores esperam encerrar a Quaresma - período que para o setor é tão aquecido quanto o Natal é para o varejo - com faturamento igual ou levemente melhor do que o registrado no ano passado.

 

Há 35 anos no Bonfim, o proprietário da Costa Leste Ltda, Mário Africano, afirmou que o cenário vivenciado pelos revendedores nunca foi tão nebuloso. Em decorrência da escassez do peixe, principalmente os de água doce, ele explicou que os fornecedores têm exigido pagamento antecipado e à vista.

 

Africano disse que o capital utilizado na transação tem sido próprio. Na avaliação do empresário, se houvesse a necessidade de recorrer a financiamentos, a empresa teria um gasto excessivo com pagamento de juros, que, conforme constatou, chegam a 9%.

 

Mesmo pagando adiantado, a entrega da mercadoria é realizada em frações. "Estou esperando uma entrega há 20 dias e até agora nada. Se houvesse peixe para vender certamente o faturamento seria melhor, afinal, há demanda", disse.

 

Segundo o empresário, em 2008 foram comercializadas cerca de 40 toneladas de peixe por semana na Quaresma. Em 2009, somente 10 toneladas foram registradas nos primeiros sete dias do período. No entanto, Africano ainda acredita em boom de vendas na Semana Santa.

 

De acordo com ele, até lá todos os pedidos devem ser entregues. Como o consumidor está ávido pelo produto, a expectativa de Africano é de que todo o carregamento seja vendido rapidamente. Dessa forma, a receita irá empatar com a apresentada no ano passado.

 

O administrador do Frigorífico Serradão Ltda, Breno José de Lima Ferreira, compartilha do mesmo problema de Africano. A poucos dias da Semana Santa, a redução do estoque diminuiu o ritmo de vendas em 30%. Porém, o administrador explicou que o frigorífico está há pouco mais de um ano na Praça do Peixe e, por isso, a expectativa de faturar mais do que no mesmo período anterior é alta.

 

"Como o negócio é novo a curva de crescimento ainda é ascendente. As vendas podem ser até 50% maiores do que em 2008. Porém, acredito que se já tivéssemos passado da fase de maturação a queda seria de 30%", justificou. Ferreira, que também tem realizado depósitos adiantados para garantir a mercadoria, comentou que, apesar de ser uma prática difícil para o setor, esta é a única maneira de garantir o recebimento da mercadoria.

 

Na Cia do Camarão Ltda a situação é um pouco diferente. Por possuir muitos produtos vindos de água salgada - cuja oferta foi menos afetada do que os de água doce - a expectativa é de que as vendas e o faturamento sejam 15% maiores do que no ano passado, conforme afirmou a gerente, Carla Sueli Leite.

 

Contramão - Do outro lado da rua, na Peixaria Mineira Ltda, a expectativa era de crescer 40% frente ao ano passado, tanto em vendas quanto em faturamento. No entanto, na primeira semana da Quaresma, o incremento foi de 30%, índice classificado como "excelente" pelo gerente, Gilberto Marques Gomes. De acordo com ele, as vendas nos primeiros sete dias do período são fortes porque as famílias e restaurantes se abastecem para o restante do mês. "Isso significa que elas podem cair", disse.

 

Ele avaliou que na Semana Santa a comercialização do produto deverá apresentar nova alta. "Projetamos um crescimento geral de 30% no período frente a igual intervalo do ano passado. Mesmo com a falta de peixe no mercado, as vendas estão boas. Tudo que chega é comercializado", observou.

 

Com a demanda maior do que a oferta, os comerciantes afirmaram que o preço do peixe teve elevação de aproximadamente 30% na ponta da cadeia fornecedora. Em alguns casos, como no da traíra, a alta foi de quase 100%, conforme afirmou o proprietário da Costa Leste. "Somente os restaurantes continuaram a comprar a traíra, que é um peixe bem aceito em Minas Gerais. A venda para o mercado doméstico foi totalmente interrompida", afirmou.

 

Veículo: Diário do Comércio - MG


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