Está aberta a temporada de compra do camarão em Porto Alegre. A procura nas lojas especializadas e nos supermercados não para de crescer, numa reação automática à queda de preço provocada pela maior produção no Sul do Estado. A condição já habilita o pescado para ser a vedete da mesa na Semana Santa. O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) da Fundação Getulio Vargas (FGV), divulgado ontem, não deixa dúvida: o quilo baixou 6,82% somente nos últimos 30 dias. A cotação do crustáceo ajudou a amenizar o gosto amargo da alta dos alimentos, combustível da inflação na Capital, que, mesmo com leve recuo, manteve a liderança pela segunda semana consecutiva entre as sete regiões pesquisadas.
O IPC-S ficou em 0,84% na segunda semana de março, 0,04 ponto percentual menor que os sete dias anteriores. A alimentação, que variou 1,15%, ao lado de transporte, com alta de 2,09%, foram os segmentos que mais pressionaram os preços. O gruo frutas e hortaliças, com elevação de 5,69%, alimentou a maior correção, segundo o coordenador do escritório do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre) da FGV na Capital, Márcio Fernando Mendes da Silva. O coordenador indicou que o camarão se candidata à opção para as famílias, mesmo antes do motivo religioso. "O quilo caiu 7,11% em 12 meses e no ano recuou 4,52%. Se a produção se mantiver farta, os preços podem reduzir mais ainda. Já vi oferta a R$ 7,00", opina Silva. "E gaúcho não dispensa camarão", completa.
O gerente de uma banca de pescados no Mercado Público Miguel Machado da Silva confirma que as cargas que chegam vindas do Sul não dão conta da procura. "As 250 caixas com 15 a 20 quilos cada não duraram até meio-dia no último sábado", ilustra o gerente. Na loja, faixas atraem o gosto e o bolso da clientela com dois quilos da variedade da safra por R$ 15,00. Marlene Zamboni, que trabalha em restaurante, foi ontem ao estabelecimento para encomendar 240 quilos do crustáceo. "Será para a Sexta Feira Santa. Vamos servir bufê de peixe e frutos do mar a R$ 17,90", adianta Marlene.
Em 2008, a situação era de escassez e preço nas alturas. O gerente da loja atesta: o quilo da mesma variedade estava a R$ 18,00 e havia pouca oferta da safra gaúcha. Na atual temporada, Machado diz que o tempo ajudou. Há duas semanas que a clientela só quer saber de camarão. "Vem uma pessoa e leva quatro quilos. Ela conta para um conhecido, que também vem comprar. Assim, não damos mais conta", descreve o funcionário. A equipe do ponto dá dicas de como limpar o pescado para congelar até a Páscoa. No confronto com outras opções de peixes, mais vantagem do camarão: o filé de anjo vale R$ 14,90 e o de linguado, varia entre R$ 19,90 e R$ 29,90.
O IPC-S da segunda semana de março mostrou desaceleração de preços dos grupos de habitação, que caiu de 0,44% para 0,43%, de vestuário, com deflação de 0,03%, de educação, leitura e recreação, com alta de 0,53%, abaixo do 1,03% da semana anterior, e de despesas diversas, que saíram de 0,18% para 0,03%. Os itens de saúde e higiene pessoal subiram levemente, de 0,71% para 0,74%.
A Capital apresentou no ano por quatro semanas o maior IPC-S. Na alimentação, o custo foi maior em cinco semanas. Na última apuração, Belo Horizonte teve inflação de 0,61%, seguida de 0,50% de Recife, de 0,44% de São Paulo, de 0,31% de Salvador, de 0,06% do Rio de Janeiro, e de 0,02% de Brasília. O IPC-S médio foi de 0,37%, acima do 0,35% da semana anterior.
Veículo: Jornal do Comércio - RS