A união entre Sadia e Perdigão, se confirmada, pode dar origem à maior processadora de carne de frango do mundo em faturamento. Considerando os resultados das duas empresas em 12 meses até setembro de 2008, a receita líquida somaria aproximadamente US$ 10,7 bilhões, acima do faturamento da líder mundial no segmento de aves Pilgrim's Pride, que obteve receita líquida de US$ 8,52 bilhões no mesmo período, segundo levantamento da Economática.
O porte que a nova companhia teria logo após a fusão levaria a "empresa combinada" à condição de terceiro maior faturamento na atividade de abate nas Américas, atrás somente da Tyson Foods, que faturou US$ 26,86 no mesmo intervalo, e da JBS Friboi, cuja receita somou US$ 14,29 bilhões no período.
No setor de alimentos, a união de forças entre Sadia e Perdigão possibilitaria que a nova companhia ocupasse a nona posição entre as maiores das Américas. O primeiro lugar no ranking elaborado pela Economática é ocupado pela gigante norte-americana ADM, que teve receita de US$ 78,15 bilhões em 12 meses encerrados em setembro último. Na segunda posição aparece a Kraft Foods, com faturamento de US$ 14,83 bilhões, seguida por Tyson e JBS. A quinta posição é ocupada pelo moinho General Mills, seguido por Sara Lee, Kellogg e Dean Foods - todas empresas dos EUA.
Sadia e Perdigão já têm porte global. As exportações das duas companhias representam entre 40% e 50% de seu faturamento e ambas contam com representações comerciais em dezenas de países. A Sadia já consolidou marca junto ao consumidor final em diversas nações, como Arábia Saudita e Leste Europeu.
Diante da experiência das empresas no mercado internacional e da alta competitividade do frango brasileiro, a companhia que surgiria a partir da união entre Sadia e Perdigão teria todas as condições para consolidar a sua presença como líder de mercado mundial.
"Sem dúvida, a empresa resultante da união de Sadia e Perdigão se consolidaria como uma das maiores do mundo. A soma das forças seria bastante benéfica para a empresa combinada", afirmou a analista do setor de alimentos da Ativa Corretora, Luciana Leocádio. Ainda mais porque a americana Pilgrim's passa por graves dificuldades financeiras e entrou, no final de 2008, com pedido de recuperação judicial. A crise levou a companhia a fechar o capital.
A viabilidade da união entre Sadia e Perdigão está praticamente atrelada à entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no negócio, conforme especialistas. "A Perdigão não tem porte para injetar os recursos suficientes para a recuperação da Sadia", disse analista que prefere não ser identificado.
A participação do BNDES como sócio da nova companhia, a exemplo do que aconteceu na operação de compra da Aracruz pela VCP no setor de papel e celulose, é vista pelo mercado como condição para que o negócio ocorra. O desejo do governo de formar grandes empresas transnacionais teria, neste momento, mais uma grande oportunidade no setor de alimentos.
O BNDES já foi importante patrocinador da expansão do Grupo JBS Friboi pelo mundo. Entre 2007 e 2008, o banco de fomento liberou aproximadamente R$ 2,67 bilhões para o Friboi, dando condições, inclusive, para a empresa brasileira comprar a americana Swift. Mas, se por um lado a união entre Sadia e Perdigão resultaria na formação de mais um líder brasileiro em alimentos, por outro ela pode desestabilizar a formação de preços do frango no mercado interno, apontam fontes do setor.
Em 2008, as duas empresas abateram, juntas,1,6 bilhão de frangos (considerando também as operações da Eleva, adquirida pela Perdigão). Esse volume representou 35% do total abatido no País, conforme a Associação Paulista de Avicultura (APA).
Veículo: Jornal do Commercio - RJ