Independência atrai interessados em ativos

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Grandes frigoríficos de carne bovina começaram a sondar o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), interessados na compra de ativos do Independência, uma das cinco maiores empresas de abate e venda de carnes do País. Uma fonte do banco confirmou as conversas, ainda preliminares, e informou que uma alternativa para a empresa, que entrou com pedido de recuperação judicial no último dia 2, é o fatiamento dos ativos para facilitar aquisições.

 

Ontem, após cerimônia com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, abordou de maneira genérica a questão. Disse que o banco não vê no setor um problema sistêmico, apenas dificuldades pontuais. Mas admitiu que a instituição pode apoiar aquisições no setor. "Sempre que uma reestruturação empresarial cria valor e resolve problemas, o banco pode apoiar'', afirmou.

 

O BNDES, por meio do BNDESPar, sua empresa de participações, parti cipa do capital dos frigoríficos Bertin (26%), Marfrig (14,66%), JBS-Friboi (13%) e do próprio Independência (cerca de 13%). Os quatro estão no topo do ranking nacional de abate e venda de carne bovina. A participação do banco funcionou como uma espécie de blindagem em época de crise.

 

Quando veio à tona a situação financeira crítica do Frigorífico Independência, há dois meses, o banco preparava a liberação da segunda parcela de um financiamento de R$ 450 milhões destinado a investimentos da empresa. O primeiro aporte, de R$ 200 milhões, havia sido feito em novembro. O segundo foi suspenso. "Com relação ao Independência, o banco agora financiaria apenas compradores, grupos com governança adequada", diz a fonte do BNDES.

 

Para o JBS, as oportunidades de aquisições estão aparecendo. O grupo, porém, não diz que elas viriam a partir da venda de ativos do Independência. Além do JBS, o Minerva também não descarta a possibilidad e de aquisição de ativos, desde que dentro de um valor adequado à situação do mercado.

 

O Independência não se manifestou sobre o assunto. "Não temos informações adicionais. Voltaremos a nos pronunciar assim que tivermos fatos novos", diz Fernanda Flauzino, gerente de Relações com Investidores.

 

Para Denise Messer, analista do banco Brascan, o cenário atual pode ser avaliado como um atrativo a mais para aquisições. "O setor vinha atuando com uma capacidade de abate alta e não havia animais suficientes, o que impulsionou o preço do boi gordo. Agora, é natural uma concentração", diz. Para ela, o JBS-Friboi é o mais provável candidato a aquisições nesse momento. "É uma empresa com espaço para expansão e não vem de nenhum grande investimento, como a Marfrig, que fez uma aquisição na Europa."

 

Veículo: O Estado de S.Paulo


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