O presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que as negociações a respeito de uma possível associação com a Perdigão estão sendo levadas adiante pelos bancos contratados por ambas as empresas.
A valorização da marca Sadia é um dos pontos considerados pelos acionistas controladores da companhia nas tratativas. "O que os acionistas controladores buscam é a perenização da empresa, maior, mais potente, obviamente valorizando a marca Sadia, que é a marca mais prestigiada não só no mercado brasileiro como em muitos países do mundo, que tem preço premium e ganha market share", disse Furlan durante reunião com analistas, em São Paulo, após ser questionado por um profissional sobre o posicionamento das famílias Furlan e Fontana sobre a operação.
Segundo Furlan, uma pesquisa encomendada pela Sadia para averiguar possíveis impactos dos problemas financeiros da companhia no seu relacionamento com clientes, fornecedores e consumidores constatou que o "impacto foi zero". Entre o primeiro bimestre de 2008 e o mesmo período de 2009, a participação de mercado da Sadia no segmento de congelados no País passou de 44,7% para 45,7%, ocupando a primeira posição, segundo dados Nielsen. Em resfriados, a fatia passou de 30,2% para 32,5% e, no segmento de margarinas, de 46,8% para 47,5%.
Quanto à eventual fusão com a Perdigão, Furlan afirmou que os bancos contratados pelas duas companhias para analisar e possivelmente estruturar a operação (Banco Bradesco de Investimentos pela Sadia e UBS Pactual pela Perdigão) mantêm as negociações. "Estamos vivenciando a quinta ou sexta tentativa de criar uma grande empresa brasileira multinacional, líder no mercado mundial na área de produtos carnes. E esses entendimentos têm sido levados adiante pelos bancos contratados", disse Furlan.
Questionado sobre uma possível imposição por parte das famílias controladoras da Sadia (Furlan e Fontana) de permanência no comando das operações após uma eventual união com a Perdigão, Furlan reforçou que "na hipotética possibilidade de fusão das duas principais empresas do setor você não tem nem uma, nem outra, e sim uma terceira situação". "Hipoteticamente, o que está se procurando é encontrar uma razoável relação de composição da terceira entidade que está sendo formada", completou. Ele frisou, no entanto, que estava se referindo a uma hipótese e que não estava confirmando que essa situação acontecerá de fato.
Ainda de acordo com Furlan, há "interessados firmes" em alguns dos ativos que a companhia considera vender para se capitalizar após as perdas com derivativos. Somente no terceiro trimestre deste ano, a Sadia tem uma dívida de R$ 1,953 bilhão a honrar. O total do endividamento de curto prazo da Sadia soma R$ 4,164 bilhão, dos quais R$ 1,427 bilhão, com vencimento neste primeiro trimestre, já foi renovado.
Além de ativos não operacionais e das unidades de produção da Rússia e de Várzea Grande (MT), o diretor-presidente da Sadia, Gilberto Tomazoni, explicou que a companhia pode se desfazer de ativos "laterais à cadeia de valor" da Sadia, ou seja, que não são fundamentais para que a empresa mantenha a sua principal atividade operacional. "Temos conversas avançadas e há uma boa expectativa de que nos próximos meses possamos fazer algumas dessas operações", afirmou Tomazoni. "Temos interessados firmes em nossos ativos, em relação à boa parcela dos ativos colocados (à venda). Já teríamos no curto prazo parcelas de R$ 500 milhões a R$ 1 bilhão de melhoria de caixa", acrescentou Furlan. A Sadia espera obter, no total, R$ 1,5 bilhão com a venda de ativos.
Segundo Furlan, até junho a empresa deve ter definições a respeito de seu processo de capitalização, inclusive sobre as negociações para uma associação com a Perdigão.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ