Enquanto o governo estrutura uma comissão para levantar informações e analisar as dívidas dos abatedouros, o Independência, já em recuperação judicial, anunciou o fechamento de mais três unidades, a reestruturação de outras cinco plantas e a demissão de 2.800 funcionários. Segundo Homero Pereira, deputado federal e vice- presidente da CNA, a comissão deverá, dentro de três semanas, apresentar números oficiais do nível de endividamento dos frigoríficos. Pereira afirmou ainda que se ensaia um consenso entre frigoríficos e credores no que diz respeito ao pagamento das dívidas. "A proposta é a de que a cada venda que o produtor fizer, o frigorífico acrescente ao pagamento 10% do valor da dívida."
Para o diretor executivo da Associação Nacional de Confinadores (Assocon), Juan Lebron, é justamente a falta de informações claras sobre a situação financeira das indústrias frigoríficas que dificulta uma ação mais rápida do governo em elaborar o plano de ajuda ao setor.
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, por sua vez, se mostrou disposto a atender um dos pleitos dos frigoríficos. Segundo ele, a liberação de créditos tributários é a melhor saída para garantir capital de giro para as empresas que têm dificuldades em conseguir crédito. A avaliação foi feita a superintendentes federais de agricultura, que estiveram reunidos ontem, em Brasília. Na avaliação de Stephanes, segundo um superintendente, dessa forma o governo "não estaria socorrendo um ou outro frigorífico, mas a cadeia como um todo". A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes estima que só as 21 empresas ligadas à associação tinham crédito de R$ 600 milhões de PIS e Cofins até 31 de dezembro de 2008.
Entretanto, o ministro diz que qualquer tipo de ajuda aos frigoríficos tem que envolver também o pecuarista. Uma das reivindicações dos produtores é de que a eventual ajuda esteja atrelada ao pagamento de dívidas dos frigoríficos com o pecuarista. Estima-se que apenas entre os que já estão em recuperação judicial, os débitos cheguem a R$ 700 milhões.
Um deles é o Independência, que informou ontem o fechamento de sua unidade de abate e desossa de Confresa (MT), da unidade de charque em Pires do Rio (GO), e da unidade de abate e desossa em Nova Andradina (MS). As operações de curtume de Nova Andradina continuam. Além disso, o frigorífico ajustou as operações de suas unidades em Santana do Parnaíba (SP), Janaúba (MG), Pontes e Lacerda, Juína e Colíder (MT) e Rolim de Moura (RO) para reduzir os custos e aumentar a eficiência.
Veículo: DCI