Cotações da Perdigão disparam com as desvantagens da Sadia

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Nova rodada de rumores sobre a fusão da Sadia com a Perdigão fez com que as ações das duas companhias fossem na contramão do mercado e fechassem em alta ontem na BM&F Bovespa. Os papéis da Perdigão valorizaram-se 13,28%, a maior do Ibovespa, que recuou 1,28%. As ações da Sadia subiram 3,29%, fechando em R$ 4,70. As notícias de que a participação da Perdigão na nova empresa seria de 70% é que motivaram essa forte alta, segundo Denise Messer, da Corretora Brascan. "O mercado considera que a situação da Sadia é delicada e reajustou o valor dos papéis dentro dessa probabilidade", arremata a especialista.

 

Depois de o presidente do Conselho de Administração da Sadia, Luiz Fernando Furlan, dizer que uma decisão sobre a fusão sairia até junho, a cada fim de dia, portanto, essa "decisão" fica mais próxima. As empresas não se posicionaram sobre se a assinatura do acordo sairá ou não nesta semana. A Perdigão se limitou a divulgar um comunicado garantindo que "até o presente momento, as empresas não chegaram a um acordo sobre os termos da associação, não tendo firmado, ainda que em caráter preliminar, qualquer documento a esse respeito". Fontes da Sadia apenas afirmaram que a negociação com a concorrente não está na pauta da reunião do Conselho de Administração marcada para hoje.

 

Mas é fato que até setembro cerca de R$ 2 bilhões vencem em dívidas da Sadia, o que coloca a empresa em posição desvantajosa na negociação, apesar de ter tamanho muito semelhante ao da concorrente. Indicadores como receita bruta e geração de caixa são muito semelhantes (veja ilustração), mas a dívida líquida da Sadia, de R$ 6,7 bilhões, é quase o dobro dos R$ 3,39 bilhões devidos pela Perdigão. Além disso, já se fala que o recuo forte do dólar pode trazer ainda mais perdas, além das já anunciadas, na Sadia, uma vez que além de liquidar posições vendidas de derivativos cambiais (nos patamares médios de R$ 1,70) , a companhia também adotou a estratégia de fechar contratos de posições compradas. Segundo informações do balanço da companhia, esses contratos foram fechados, em média, a R$ 2,36. O dólar fechou ontem em R$ 2,0690 e já soma no ano desvalorização de 11,47%.

 

Mas, a partir dos resultados de 2008 das duas, a nova empresa teria uma dívida líquida de R$ 10 bilhões, que equivaleria a 4,5 vezes o Ebitda, considerado um nível alto para as empresas deste setor - indicador que se considera razoável em patamares próximos de duas vezes. No fechamento de 2008, a dívida líquida da Perdigão equivalia a 2,9 vezes sua geração de caixa e, a da Sadia, a 5,8 vezes.

 

Por isso, está prevista a entrada do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) com injeção de capital na nova empresa. Até por isso, estão descartados fechamento de fábricas e demissões em massa, segundo fontes próximas às negociações. "Além do BNDES, o negócio terá como maior acionista individual a Previ (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil) com cerca de 10% da nova empresa", afirmou a fonte.

 

A Previ já detém 8,58% de participação na Sadia e 14,15%, na Perdigão. Levantamentos de consultorias apontam que a fusão traria sinergias superiores a R$ 2 bilhões. A associação também traria uma elevada concentração de mercado em alguns produtos. Juntas, Sadia e Perdigão teriam 66,6% do mercado de pizzas prontas, 85% do de massas e 69,7% do de congelados em carnes.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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