Além de reduzir seus custos, o Frigorífico Independência também estuda como se dará a retomada de seus abates no País. Dentro do plano traçado junto com a consultoria KPMG, a empresa previa retomar as atividades na unidade de Nova Andradina (MS) no até o dia 30 de abril e até o final de maio, nas três unidades em Mato Grosso (Juína, Colíder e Pontes e Lacerda). Na conferência realizada ontem para credores, a empresa não informou porque não conseguiu ainda cumprir o plano em Mato Grosso do Sul. Mas, em Mato Grosso, a tendência é que os pecuaristas imponham resistência e frustrem os planos do frigorífico, caso os débitos anteriores não sejam quitados antes.
O presidente da Associação dos Criadores de Suínos de Mato Grosso (Acrimat), Luciano Vacari, explica que a posição dos produtores da região é de não vender, nem com pagamento à vista, para as indústrias devedoras. Vacari estima que o Independência, o Quatro Marcos e o Arantes devam juntos R$ 120 milhões aos pecuaristas do Estado e que desse total, em torno de R$ 50 milhões seja de dívidas apenas do Independência.
Na conferência feita ontem pela manhã, a companhia informou que tem débitos totais com fornecedores no valor de R$ 242,5 milhões, dos quais R$ 172,4 milhões com produtores de gado.
Nesta semana, pecuaristas de Mato Grosso bloquearam a entrada do frigorífico Quatro Marcos, em São José do Quatro Marcos, cidade a 330 quilômetros de Cuiabá. A Acrimat estima que a dívida da empresa com os produtores da região chega a R$ 6 milhões .Depois de mais de 15 dias de negociação, sem um resultado concreto, pecuaristas de 13 municípios da região se mobilizaram e bloquearam a entrada de gado em pé no frigorífico. Uma comissão formada por pecuaristas da região tentou negociar com a direção do frigorífico uma dívida de R$ 6 milhões com cerca de 100 produtores.
Esse é o terceiro bloqueio a frigoríficos feito por pecuaristas do estado em um pouco mais de um mês. O último foi no começo de abril eles haviam bloqueado uma estrada que dá acesso à outra unidade do Quatro Marcos, em Vila Rica (MT). O movimento é mais um desdobramento da crise que atinge a cadeia da carne bovina no Brasil que, desde o ano passado, resultou no fechamento de mais de seis frigoríficos.
Veículo: Gazeta Mercantil