As empresas brasileiras podem ganhar mercado internacional caso o consumo não seja drasticamente afetado pelo risco de pandemia de gripe suína. A avaliação é do presidente do conselho de administração da Perdigão, Nildemar Secches. Como o Brasil até o momento não registra casos da doença, os produtores nacionais de carne podem compensar a esperada redução na demanda ocupando o espaço deixado por Estados Unidos e México, cuja carne foi embargada em vários países, destaca o executivo.
Apesar de não haver indícios de contaminação por meio da ingestão da carne de porco, o comportamento do consumidor é "imprevisível", pondera Secches. "Esperamos que a queda no consumo seja um pouco menor do que o ganho de mercado com o embargo às importações dos países afetados."
O executivo lembra que, quando ocorreram os primeiros casos de gripe aviária, o País não foi afetado e tirou vantagem do embargo à carne de mercados concorrentes. Já em uma segunda fase, quando aumentou o pânico na população com a divulgação dos casos da doença na mídia, o consumo de frango acabou desabando, o que atingiu as empresas brasileiras. "Foi um momento crítico, em que houve muitos cancelamentos e devoluções de produtos." Ele ressalta que, até o momento, não houve nenhum problema com os embarques de carne suína por conta da ameaça de pandemia.
O presidente do conselho da Perdigão ressalta que o setor de alimentos é "especialista em crises". "Temos um comitê permanente que certamente está reunido neste momento para analisar a questão da gripe suína", disse Secches, durante encontro promovido pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), em São Paulo.
Sadia e derivativos
Em período de silêncio por conta da divulgação dos resultados do primeiro trimestre, prevista para o dia 14 de maio, o executivo não comentou sobre o andamento das negociações para uma associação com a concorrente Sadia. Ele revelou, porém, que a Perdigão dará início ao planejamento estratégico para os próximos anos a partir de julho, prazo considerado limite pelo mercado para que a Sadia obtenha recursos para liquidar as dívidas provocadas pelas perdas de R$ 2,5 bilhões com derivativos.
Sem mencionar casos específicos, Secches avalia que os conselhos de administração das empresas que registraram prejuízo com as operações financeiras sabiam dos riscos aos quais as companhias estavam expostas, embora não tivessem como conhecer a extensão das perdas. Ainda segundo o executivo, o fato de a Perdigão ser uma companhia com capital difuso, ou seja, não possuir a figura de um acionista com mais de 50% do capital, facilita processos de fusões e aquisições. "Podemos usar a ação da empresa como moeda de troca sem o receio de o controlador perder a participação majoritária nem estamos dependentes de um único acionista caso seja necessário fazer um aumento de capital para concretizar a operação." Ele cita o caso da compra da Eleva, viabilizada com o caixa da companhia e a emissão de ações.
Veículo: Gazeta Mercantil