Empresa líder em pescados em conserva na América Latina, a Gomes da Costa registrou entre janeiro e março deste ano o maior faturamento trimestral de sua história - R$ 130 milhões, uma alta de 32% em relação ao mesmo período de 2008. A alavanca das vendas, como sempre neste período, foi a quaresma, época do ano em que o varejo faz estoques maiores para atender à demanda por pescado. Na tradição católica, o consumo de carne não é recomendado nesta época.
"A crise financeira não está parando o consumo", afirma Alberto Encinas, presidente da empresa. "A indústria de alimentos tem um desempenho mais uniforme em relação aos outros setores da economia. Por isso, se não há um crescimento íngreme em momento de alavancagem econômica, também não sofremos com crises financeiras importantes, como essa que o mundo enfrenta desde o fim de 2008", explica.
Segundo o executivo, o bom desempenho é mais acentuado no setor de sardinhas, que tem alta aceitação sobretudo no Nordeste do país. "É produto básico da culinária regional". O Nordeste representa entre 18% e 20% das vendas de sardinhas da empresa.
Para 2009 a previsão da Gomes da Costa é de faturamento de R$ 415 milhões. Se atingido, representará acréscimo de 18,5% frente aos R$ 350 milhões de 2008.
As pesquisas para o desenvolvimento de novos produtos resultaram em mais de 30 itens desenvolvidos para o varejo pela unidade industrial de Itajaí (SC), além de uma linha para atender pizzarias, restaurantes e caterings. A empresa também lançou no Brasil o conceito de "abre-fácil" nas latinhas de atum, trazendo mais praticidade e segurança ao produto.
A Gomes da Costa prevê para ainda este mês o lançamento de congelados de merluza. "Fazemos a nossa parte para tentar ampliar o consumo de peixes no Brasil, que é de apenas sete quilos por ano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere de 16 a 17 quilos por ano", diz o executivo.
Fundada em 1954 pelo imigrante português Rubem Gomes da Costa , a empresa foi da Brascan e dos irmãos Carlos e Ricardo Mansur até chegar às mãos de Ismar Machado Assaly e José Eduardo Simão em 1992. Em 2004, o grupo espanhol Calvo realizou um aporte para saldar dívidas da empresa, ficando com 80% da companhia. Os 20% restantes foram adquiridos no início do ano passado. O Brasil é a segunda maior operação do grupo, depois da Espanha.
Veículo: Valor Econômico