Produção de frango volta a ser vendida para a China

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Os exportadores de carne de frango esperam fazer vendas adicionais de US$ 400 milhões para a Ásia este ano, enquanto os produtores de carne suína não escondiam a decepção com o resultado da visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Pequim.

 

Os dois países assinaram ontem um acordo pelo qual a China garante que a carne de frango brasileira entrará imediatamente no mercado chinês. No total, 24 estabelecimentos exportadores poderão começar a vender frango para esse mercado, o que não ocorre desde 2004. Na prática, Pequim se compromete a cumprir o acordo assinado no ano passado.

 

Os chineses se comprometem também a reconhecer os 11 Estados já reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal como livres de febre aftosa. A expectativa do governo é que isso permitirá, em breve, exportações de carne bovina em maiores volumes para o mercado chinês. Atualmente, somente três frigoríficos têm autorização para vender.

 

No entanto, o fiasco aconteceu com a não liberação da carne suína. O governo chinês reluta em abrir o mercado para a entrada da carne suína brasileira. A reunião bilateral técnica foi tensa. Pequim se comprometeu a "analisar" até o fim do ano a liberação do pedido para exportação por 24 estabelecimentos brasileiros.

 

"Estamos frustrados", reagiu o presidente da Associação Brasileira de Exportadores de Carne Suína , Pedro de Camargo Neto. "Esperávamos que a presença do presidente Lula destravasse a burocracia dos chineses."

 

Os exportadores de frango já tinham obtido no ano passado a abertura do mercado chinês para o produto, mas não podiam exportar. Pequim exigia, em contrapartida, que o Brasil importasse tripas de carneiro. Cinco frigoríficos anunciaram que podiam fazer as compras, mas ainda assim o mercado continuou fechado pela burocracia.

 

Chen Yu Yen, gerente da DaChan Food Asia, grande importador chinês de carnes, contou que tentou obter licença para importar do Brasil, mas o site do Ministério da Agricultura não abria essa possibilidade, pois o país não aparece na lista. "Os EUA dominam o mercado e determinam as regras, fornecem produtos nem sempre de boa qualidade", disse. "Achamos que as empresas brasileiras são mais sérias, mas não podíamos importar."

 

Ao mesmo tempo, até a Argentina passou a exportar frango para a China, graças a acordo entre os dois governos. "É tudo na base da reciprocidade com os chineses", disse Francisco Turra, presidente da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango.

 

Ontem, exportadores e importadores comemoravam o acordo fechado no Palácio do Povo. "A abertura da China é emblemática, era o que faltava para continuarmos crescendo 5% este ano, apesar da crise global", afirmou Turra.

 

A expectativa é poder exportar 200 mil toneladas a mais para o mercado asiático este ano, um negócio de US$ 400 milhões. De um lado, a China precisa importar mais de um milhão de toneladas por ano para completar seu consumo de 12,5 milhões de toneladas. As projeções são de que a demanda aumente 30% ao ano, na busca de proteína mais barata. Além disso, autorização na China tem influência no resto da região. E os brasileiros procuram também ter acesso à Malásia e à Indonésia.

 

Quanto aos importadores, Chen foi incisivo. "Vamos estudar imediatamente os produtos brasileiros e determinar o que é melhor para cada região na China." Os chineses, em todo caso, querem importar o frango inteiro para processamento na China, para garantir empregos em plena crise global.

 

Veículo: Valor Econômico


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