À beira de uma guerra comercial com os Estados Unidos, o Brasil tenta estreitar seus laços comerciais com parceiros que podem suprir uma eventual quebra na relação com os norte-americanos. Além da própria América Latina, o Brasil espera fechar um acordo com a União Europeia, e também aumentar exportações para os países do Oriente Médio como Líbano, Israel e Irã e países do continente Africano como o Egito e a África do Sul.
"Não teremos um embate comercial forte, a principal razão deve-se ao tempo da demanda feita pelo Brasil na OMC (Organização Mundial de Comércio) que começou a 8 anos e é justa. Em 8 anos, muitas coisas mudaram, inclusive nos eixos comerciais, hoje o maior parceiro comercial do País é a China, além disso o Brasil fortaleceu outros laços, já não tanto mais a perder se entrar numa guerra comercial com os Estados Unidos como antes", afirmou o professor do Centro de Estudos Calil e Calil, Mauro Calil.
Outra afirmação do professor é que as missões empresariais feitas pelo governo federal brasileiro estão auxiliando na conquista de novos mercados e consequentemente na diminuição da importância comercial dos Estados Unidos para a balança comercial brasileira.
"Há 8 anos, o Brasil não era autossuficiente em diversos setores, esse cenário mudou em virtude da busca por novos mercados e pela maior aceitação do produto brasileiro e seu poder de competitividade, obviamente os Estados Unidos são muito mais ricos que o Brasil, mas ainda estamos em crise mundial e países com tecnologia substituta à americana estão havidos por fazer negócios conosco", ponderou Mauro Calil.
O professor ainda ressalta que "mesmo com a conquista de novos mercados e com a diminuição do percentual comercial entre o Brasil e os Estados Unidos, para não haver um embate comercial mais vale um mal acordo do que uma boa briga."
Projetos
Para seguir os planos do governo federal o ministro das Relações Exteriores (MRE), Celso Amorim deve embarcar para a União Europeia no próximo mês e concluir a assinatura de um acordo de livre-comércio entre o bloco europeu e o Mercosul.
Segundo Amorim, tanto a UE como o Mercosul têm interesse no acordo. "Não acho impossível, havendo vontade política, creio que até o fim do ano teremos as bases de um acordo."
Próximas paradas
Em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Mdic) a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) leva mais de 40 empresas brasileiras ao Peru e Colômbia este mês.
O objetivo segundo comunicado da Apex-Brasil é "ampliar o fluxo comercial e de investimentos entre o Brasil e os dois países, além de explorar possibilidades de cooperação entre os setores produtivos."
Além disso, o documento aponta que houve grande procura pela missão e as empresas selecionadas atuam nos segmentos de casa e construção civil, eletroeletrônicos, eletrodomésticos, máquinas e equipamentos, químicos, saúde e veículos. Em Lima e Bogotá, elas participarão de rodadas de negócios com empresas selecionadas nos dois países e farão visitas comerciais.
O intercâmbio comercial do Brasil com a Colômbia foi de US$ 2,3 bilhões em 2009. O Brasil exportou US$ 1,8 bilhão e importou US$ 568 milhões. As exportações foram principalmente de milho em grão, propileno e terminais portáteis para telefonia celular. As importações foram em sua maior parte de produtos minerais e químicos, como carvão e PVC.
Com o Peru, a corrente de comércio foi de US$ 2 bilhões, com exportações brasileiras de US$ 1,4 bilhão e importações de US$ 484 milhões. O Brasil exportou principalmente óleos brutos de petróleo e produtos semimanufaturados de ferro e aço. A maior parte das importações foi de minerais e seus derivados, como cobre, zinco e prata.
A próxima missão prevista, segundo o Mdic, será para o Irã, Egito e Líbano. Segundo informações, as inscrições para que empresas participem dos eventos ainda estão abertas. Os setores segundo a Apex-Brasil ainda não foram definidos e as expectativas de negócios que serão efetuados ainda não existe.
O presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Alcantaro Corrêa, apresentou em Jerusalém, um panorama sobre a economia brasileira, para ampliar as oportunidades comerciais entre os dois países. Além disso, a entidade assinou acordo de cooperação com a associação industrial de Israel.
Veículo: DCI