Indústria confirma alta disseminada no 1º trimestre

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O desempenho da produção industrial em março confirmou o forte ritmo de crescimento da economia brasileira. A alta foi expressiva e generalizada, levando a indústria de volta ao nível pré-crise. Com a expansão de 2,8% sobre fevereiro, na série livre de influências sazonais, a produção ficou a apenas 0,1% do nível de setembro de 2008 e a 0,3% do recorde atingido em julho de 2008. O resultado de março já leva bancos e consultorias a revisar as previsões para a expansão da indústria em 2010 - o Santander, por exemplo, elevou a sua estimativa de 9,5% para 13,6%.

 

No primeiro trimestre, a produção industrial cresceu 18,1% sobre o mesmo período de 2009, a maior expansão trimestral desde o início da série histórica, em 1991. Essa base de comparação, porém, é bastante fraca, já que o Brasil ainda sofria bastante com os efeitos da crise global.

 

A economista-chefe da Rosenberg & Associados, Thaís Marzola Zara, ressalta o crescimento disseminado na indústria em março. "Isso evidencia um grande dinamismo do setor industrial", afirma. Em março, 19 dos 27 setores pesquisados pelo IBGE tiveram alta em relação a fevereiro, o equivalente a 70%. Nos quatro meses anteriores, a média foi de 60,5%.

 

"A abertura setorial impressionou, mostrando uma ampla difusão do crescimento", concorda o economista Bernardo Wjuniski, da Tendências Consultoria. A produção de bens de capital cresceu 3% sobre fevereiro deste ano, enquanto a de bens intermediários (insumos como aço, produtos químicos e celulose) avançou 1,3%.

 

Entre as 27 atividades analisadas pelo IBGE, um dos principais destaques foi o setor de veículos automotores, como aponta a economista Luiza Rodrigues, do Santander. Com o fim da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) marcado para o fim de março, as montadores aceleraram a produção, para atender a forte demanda dos consumidores. A expansão em relação a fevereiro foi de 10,6%, na série com ajuste sazonal. Com esse resultado, a fabricação de veículos respondeu por pouco mais de um quarto da alta da indústria de 2,8%, nota Luiza.

 

Apesar desse crescimento do setor de veículos automotores, ela destaca que o bom momento da indústria não se concentra num ou noutro segmento. "A expansão foi espalhada pela indústria." Segundo ela, a força do mercado de trabalho, com alta do emprego e da renda, puxa a demanda por bens duráveis, num cenário de ampla oferta de crédito e desonerações tributárias para produtos como veículos e eletrodomésticos da linha branca. A retomada dos investimentos pelas empresas explica a alta na produção de bens de capital.

 

Com o crescimento expressivo no primeiro trimestre, Wjuniski deve revisar de 9% para 10% ou 11% a sua projeção para a expansão em 2010. Para ele, o fato de a indústria ter voltado para os níveis pré-crise mostra o vigor da economia. "Antes a expectativa era de que isso demoraria mais para ocorrer." No caso da indústria de transformação, a produção já supera em 0,7% o patamar de setembro de 2008 e em 0,5% o recorde alcançado em julho daquele ano. Para o resultado do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, Wjuniski espera crescimento de 2,2% sobre o trimestre anterior, feito o ajuste sazonal, mas considera possível uma alta de 2,5%. Os economistas do Itaú Unibanco são ainda mais otimistas: dizem que o resultado de março dá um viés de alta à sua estimativa de um crescimento de 3%, nessa base de comparação. Com isso, é possível que ganhem mais força estimativas para uma expansão do PIB de 6,5% a 7% neste ano.

 

Para os próximos meses, os analistas acreditam que haverá alguma desaceleração na indústria. Luiza diz que a produção de veículos deve arrefecer, depois do forte crescimento registrado neste ano -de janeiro a março, a alta foi de 38% sobre igual período de 2009.

 

Wjuniski também aposta em alguma desaceleração. Segundo ele, do mesmo modo que os estímulos fiscais e monetários estimularam a economia, o fim das desonerações tributárias, o aumento do recolhimento compulsório e a alta dos juros devem levar a uma expansão mais modesta da atividade.

 

Veículo: Valor Econômico


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