Os negócios entre o Brasil e os países árabes avançam em ritmo acelerado e as perspectivas de continuarem crescendo nos próximos anos são muito promissoras. De janeiro a agosto de 2008, o fluxo de exportações e importações aos países do Oriente somou US$ 13,7 bilhões, valor que supera as transações realizadas durante todo o ano passado, que chegaram a US$ 13,4 bilhões.
Desde que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva - primeiro mandatário brasileiro a visitar alguns países árabes, depois do imperador D. Pedro II - decidiu estreitar os laços com aquela região do globo, em 2003, a corrente comercial mais do que dobrou, saltando de US$ 5,47 bilhões naquele ano para US$ 13,7 bilhões em agosto de 2008. As exportações brasileiras aumentaram 121,3% e as importações 178,9% no mesmo período. Os maiores compradores de produtos brasileiros são a Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos e Kuwait.
Embora o movimento comercial seja crescente, as exportações brasileiras para os 22 países da Liga dos Estados Árabes representam apenas 1,57% do total importado pela região em 2007.
"Há grandes perspectivas comerciais entre o Brasil e os países árabes. Os mercados já são conhecidos e importantes um para o outro", afirma Antônio Sarkis Jr., presidente da Câmara de Comércio Árabe-Brasileira (Ccab). Os segmentos mais promissores, sem dúvida, são o agronegócio para o Brasil e os combustíveis e fertilizantes para os árabes. "É uma parceria boa para os dois lados, porque os mercados são complementares, já que os árabes são importadores de alimentos e o Brasil importa adubos e fertilizantes", diz Sarkis.
De fato, os árabes importam 90% dos alimentos consumidos para atender as necessidades de suas populações. Em 2006, de acordo com os últimos dados disponíveis, compraram US$ 43,6 bilhões de alimentos no mundo, com a Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos destacando-se entre os maiores importadores, com US$ 9,5 bilhões e US$ 6,2 bilhões, respectivamente. Em 2007, as importações brasileiras de fertilizantes somaram US$ 4,7 bilhões.
Dos alimentos exportados pelo Brasil para os árabes, de janeiro a agosto deste ano, destacam-se as carnes, com US$ 1,95 bilhão, aumento de 49,3% sobre igual período de 2007; os cereais US$ 98,1 milhões (368,7%); gorduras, óleos e ceras animais e vegetais com US$ 97,5 milhões (84,3%). Já entre as importações realizadas pelo Brasil constam: adubos e fertilizantes com US$ 784,2 milhões (178,9%) e produtos químicos inorgânicos com US$ 250,5 milhões (284,8%), mas os combustíveis lideraram com US$ 6,1 bilhões (96,9%).
Com o potencial de aumento das relações comerciais, cerca de 1,5 mil empresas brasileiras já negociam com os países árabes. Uma das pioneiras a atuar na região, a Sadia vende US$ 1,2 bilhão por ano para o Oriente Médio e África, o que representa 26% do total de suas exportações.
Para a Embraer, com pedidos firmes em carteira de US$ 20 bilhões em junho deste ano, os países árabes são estratégicos, porque a empresa detém na região 100% do mercado de jatos comerciais com até 120 assentos. Em 2007, a companhia exportou US$ 344,3 milhões com aeronaves entregues ao Egito, Jordânia, Arábia Saudita, Líbia e Emirados Árabes Unidos. Este ano, segundo as informações divulgadas, a Embraer tem pedidos firmes de 23 aviões para o Egito, Emirados Árabes Unidos, Líbano e Arábia Saudita.
As grandes construtoras também marcam presença no Oriente Médio. A Odebrecht, com escritório em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, participou, entre outras, das obras de construção do terminal de combustíveis do porto de Djibuti, no norte da África; infra-estrutura na Líbia e ampliação do aeroporto de Abu Dhabi.
A Andrade Gutierrez, com escritórios na Argélia e nos Emirados Árabes Unidos, tem entre suas obras as barragens da província de Jijel, na Argélia; ampliação do aeroporto de Orã e manutenção das rodovias da Mauritânia. A Queiroz Galvão fechou contratos para desenvolver obras de infra-estrutura com o governo da Líbia, em um total de US$ 500 milhões.
Veículo: Valor Econômico