Líderes empresariais da Europa e da América Latina também terão sua cúpula, em Madri, e vão defender a criação de uma zona euro-latino-americana em 2015. A ideia é articular todos os acordos e associações entre as duas regiões, como se fossem parte de uma grande parceria, como já foi também proposto e aprovado no Parlamento Europeu em abril.
É algo ambicioso, ainda mais no contexto atual em que a União Europeia tem dificuldades políticas para fechar um modesto acordo comercial com seis países pequenos da América Central e para relançar a negociação com o Mercosul. Mas o setor privado considera que é preciso ter um claro objetivo de médio prazo para fortalecer as relações birregionais, ainda mais no cenário de enormes mudanças geopolíticas.
Um dos membros mais influentes do Parlamento Europeu na área externa, o espanhol José Ignacio Salafranca, que participará da cúpula, insiste que a UE, maior investidor na América Latina, "está retrocedendo em suas posições no subcontinente" em favor de outros atores mundiais, como China e EUA, e cobra "avanços concretos" na integração birregional.
O esboço da declaração final do 3º Encontro de Cúpula dos Líderes Empresariais, ao qual o Valor teve acesso, destaca a importância da maior aproximação de duas regiões com mais de 1 bilhão de habitantes, um terço dos Estados membros ONU, um terço dos membros do G-20, que é o novo diretório econômico do planeta e representa quase um terço da produção mundial.
A cúpula será aberta no domingo pelo chefe do governo espanhol, José Luiz Rodriguez Zapatero, com a presença de autoridades das duas regiões. A agenda inclui análise das relações comerciais, dos tratados existentes e das negociações com a América Central, países andinos e Mercosul.
Também tratará do setor de infraestrutura, propostas europeias para financiar pequenas e médias empresas, integração, segurança energética e perspectivas das economias.
Na segunda-feira, mas dessa vez em Teerã, é a cúpula do G-15, que na verdade é formado por 17 países ditos não alinhados, que discutirá meios de ampliar a cooperação Sul-Sul. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará da abertura e depois viajará a Madri. O Brasil será então representado pelo embaixador na OMC, Roberto Azevedo. Um dos projetos do G-15 é criar um fundo de desenvolvimento para a África. (AM)
Veículo: Valor Econômico