A desaceleração da inflação indicada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um dia após a alta recorde de 9% do PIB no primeiro trimestre, não foi suficiente para alterar a percepção de que a economia está superaquecida. Para analistas, a variação de 0,43% do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em maio, com acumulado de 3,09% no ano, ainda aponta demanda acima dos limites estruturais da economia e exigirá elevação continuada dos juros pelo Banco Central (BC).
Embora o IPCA de maio tenha sido o menor do ano, abaixo das previsões do mercado, da alta de 0,57% em abril e do pico de 0,78% em fevereiro, o economista Luis Fernando Lopes, do Banco Pátria, diz que o cenário não permite ao BC abrir mão da política monetária na defesa da estabilidade de preços.
A coordenadora de índices de preços do IBGE, Eulina Nunes, atribuiu aos alimentos o principal componente da desaceleração do IPCA. A média de alta dos preços nesse grupo ficou em 0,28% em maio, com o fim de impactos climáticos nas safras que tinham elevado a média de preços dos alimentos em 1,45% em abril. No IPCA acumulado em 12 meses, houve a primeira desaceleração em seis meses: ficou em 5,22% em maio ante 5,26% em abril.
Veículo: O Estado de S.Paulo