Mais fôlego à indústria na prorrogação do IPI

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A Romi, uma das maiores fabricantes nacionais de máquinas-ferramenta, não acredita em desaceleração da demanda por máquinas e equipamentos, com a elevação da taxa de juros para o financiamento de máquinas e equipamentos enquadrados pelo Programa de Sustentação do Investimento (PSI) do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Segundo o planejamento do governo federal, a taxa passará de 4,5% para 5,5% a partir de julho.

 

De acordo com o gerente de Relações Institucionais da empresa, André Luís Romi, essa expectativa é justificada pelo fato de que o novo nível dos juros ainda é atrativo para o financiamento de bens de capital. "Nossa avaliação é de que o aumento não trará um forte impacto ao desempenho da Romi. Essa taxa, associada a uma carência de 24 meses e a prazo de 120 meses para pagar, ainda cria excelentes condições para o crescimento do nosso mercado."

 

Esta é a mesma avaliação setorial da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Segundo o diretor de Financiamentos da entidade, Carlos Nogueira, a elevação não é vista como crítica no setor. Para ele, mais importante que discutir essa taxa é acabar com a data de validade do programa federal que tem como data-limite dezembro deste ano.

 

Nogueira confirma o que disse Romi: apesar deste aumento, o atual nível de juros é atrativo para o financiamento deste tipo de ativo. Além disso, afirmou que a nova taxa está em linha com o que se pratica em outros países, o que traz condições de igualdade para a indústria brasileira quanto a custo do capital do financiamento. "O problema para as empresas no Brasil ainda é a carga tributária e o real valorizado ante o dólar", afirmou Nogueira. "Mesmo com esse aumento, a taxa de juros do BNDES é o único fator que ajuda a indústria nacional a ser competitiva perante os concorrentes internacionais", criticou ele.

 

O posicionamento da Romi é o mesmo. Na opinião do executivo, o governo deveria estimular o crescimento do País, incentivando o capital que visa a investimento na produção. De acordo com ele, a redução da carga tributária é um dos pontos fundamentais para que o setor de bens de capital consiga votar ao nível pré-crise.

 

Recuperação

 

Apesar de não revelar números sobre o impacto que o PSI teve em seus resultados, a Romi afirmou, em seu balanço do primeiro trimestre de 2010, que vem observando uma gradual recuperação nos seus negócios desde meados de 2009. Essa evolução é decorrente da redução da taxa de juros para investimento em capital fixo promovida pelo BNDES em julho de 2009, e prorrogada até dezembro de 2010. Além disso, a Romi cita a melhora do nível de confiança da indústria e a recomposição dos estoques da economia como fatores determinantes para a recuperação de seus números.

 

Essa mesma recuperação é notada em todo o setor. De acordo com os últimos dados da Abimaq, referentes ao primeiro quadrimestre do ano, o faturamento bruto mensal das empresas foi de R$ 21,7 bilhões, uma alta de 15,66% ante o mesmo período do ano passado. Na comparação com os quatro primeiros meses de 2008, porém, esse nível ainda está 11,9% menor, nesse período o setor reportou faturamento de R$ 24,6 bilhões.

 

Apesar disso, Romi é crítico ao afirmar que a taxa de investimento do Brasil está abaixo de outros países emergentes. "Deveremos fechar este ano com um nível de 18% na formação bruta de capital fixo, esse mesmo indicador na China é de 40%", comparou.

 

O PSI foi criado em 2009 para ajudar o setor de bens de capital a enfrentar a crise, que reduziu em até 60% as vendas do setor. Antes do início do programa a taxa de juros total do financiamento de máquinas e equipamentos ficava entre 11% e 16%, cinco vezes mais que no resto do mundo.

 

Dentre os itens que estão enquadrados nesse sistema de financiamento do BNDES estão máquinas e equipamentos novos, inclusive agrícolas, aí incluídos conjuntos e sistemas industriais, máquinas-ferramenta, embarcações, aeronaves, vagões e locomotivas ferroviários e metroviários, tratores, colheitadeiras, implementos agrícolas e máquinas rodoviárias e equipamentos para pavimentação. Podem concorrer ao financiamento apenas os bens que estejam credenciados junto ao banco de fomento e que apresentem índice de nacionalização igual ou superior a 60%. Micro, pequenas e médias empresas podem financiar até 100% dos bens desde que não seja por meio do FinameLeasing e que não sejam aeronaves.

 

Veículo: DCI


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