Os efeitos da crise financeira mundial fizeram com que os países mais atingidos procurassem saídas estratégicas para elevar os investimentos e conquistar novos mercados. Ontem, durante evento em São Paulo, foi anunciada a criação de uma agência de fomento holandesa no Brasil. O objetivo da mesma é atrair empresas de grande porte para a Holanda e, com isso, ampliar os investimentos brasileiros no país.
De acordo com o Serv Wiemers, diretor da NFIA - sigla em inglês da agência holandesa de investimentos estrangeiros - as empresas devem investir, no mínimo, 500 milhões de euros e ter ao menos cinco funcionários.
"Nós pretendemos atrair novos investidores. Temos muitos números que mostram o benefício de investir na Holanda, como 51% dos centros de distribuição da União Europeia estarem no nosso país. Mas o foco agora são os grandes empresários, precisamos de um número alto para negócios, não podemos dar toda a assistência como procura de locais, isenção tributária, auxílio residencial às pequenas e médias empresas", explicou.
Questionado pelo DCI sobre as altas remessas de lucros e dividendos das 200 empresas com filiais no Brasil, que tomaram o primeiro lugar na classificação feita pelo Banco Central nos primeiros cinco meses deste ano, Odécio Roland Filho, chefe do departamento econômico do consulado geral dos países baixos, afirmou que a Holanda passou por momentos muito difíceis e as filiais brasileiras tiveram que dar um suporte maior às matrizes.
"Estamos sentindo um efeito retardado da crise mundial, precisamos dos valores obtidos no Brasil pelas filiais. Outro meio de sairmos da crise é com os investimentos de países que estão crescendo bastante como o Brasil. Por isso, queremos uma fatia do bolo anunciado pelo ministro do Desenvolvimento, Miguel Jorge. Não sei ao certo qual poderia ser nossa fatia hoje, mas pode ser 1% ou 100%, o importante é ter um pouco dos US$ 735 bilhões até 2013", explicou Roland.
"A crise mundial, as remessas de lucros e dividendos do Brasil para a Holanda e nosso anúncio não têm relação. São atividades distintas, para elevar o comércio bilateral. As remessas devem-se ao crescimento do Brasil e nossas filiais holandesas instaladas aqui cresceram junto, por isso reinvestiram parte do lucro obtido e a outra parte mandaram de volta, isso é natural", retrucou o cônsul-geral da Holanda em São Paulo, Louis Piët.
"Está na hora das empresas brasileiras se internacionalizarem e a Holanda é a melhor opção para entrar no mercado europeu. Somos o coração econômico da Europa, temos a melhor logística, o quarto maior porto do mundo, cinco meios de transporte e o nosso Produto Interno Bruto (PIB) é baseado no comércio exterior, por isso aqui é o melhor lugar para ampliar mercados das empresas brasileiras, crescer e aparecer no cenário internacional", frisa Wiemers.
"O porto de Roterdã já é a principal rota de produtos importados do Brasil na Europa. Muitas empresas daqui já estão no mercado de lá seguindo este caminho", completou Roland.
Entre os setores que são almejados pelos holandeses estão agricultura, energia sustentável, petróleo e gás, químicos, aviação, minério de ferro e cultura.
"Algumas empresas como Petrobras, Samarco, Villares metais e Braskem já perceberam esse potencial e abriram sede em Roterdã - segunda maior cidade do país. Queremos novas empresas e novos mercados agora."
Durante apresentação do vídeo institucional, o presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli relata que a Holanda é um excelente país para investir.
"A Holanda tem um ótimo sistema tributário, é muito atraente para investimentos estrangeiros, por isso estamos aqui."
Com foco no acordo de livre-comércio entre Mercosul e União Europeia, os representantes do governo holandês afirmaram que são favoráveis as negociações e conclusão do acordo.
"O objetivo é aumentar a corrente de negócios entre os países dos dois blocos, então, porque não? Sem violar as regras, ninguém sai perdendo. Somos favoráveis ao acordo entre os blocos", concluiu Piët.
Veículo: DCI